- Caso pode obrigar Meta a vender Instagram e WhatsApp.
- FTC usa e-mails de Zuckerberg como principal evidência.
- Decisão pode redefinir limites da concorrência digital.
A Meta, dona do Facebook, enfrenta um julgamento histórico iniciado nesta segunda-feira (8), em Washington. A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos EUA acusa a empresa de ter criado um monopólio ao adquirir o Instagram em 2012 e o WhatsApp em 2014, com a intenção de eliminar a concorrência.
A FTC abriu o processo FTC v Meta para reverter essas aquisições, que a própria comissão aprovou na época. Se vencer, ela poderá obrigar Mark Zuckerberg a vender as duas plataformas.
Para reforçar a acusação, a comissão usará e-mails de Zuckerberg, nos quais ele teria afirmado que “é melhor comprar do que competir”.
A Meta nega as acusações e afirma que pretende demonstrar que os consumidores se beneficiaram das aquisições. Em nota, a empresa declarou:
As evidências no julgamento mostrarão o que qualquer jovem de 17 anos no mundo sabe: Instagram, Facebook e WhatsApp competem com TikTok, YouTube, X, iMessage e muitos outros, de propriedade chinesa.
Além disso, especialistas apontam que a Meta deve focar em mostrar como o Instagram evoluiu positivamente após a compra, com mais recursos e infraestrutura.
O caso surge em um momento delicado, com indícios de interferência política por parte do ex-presidente Donald Trump. Segundo o Wall Street Journal, Zuckerberg teria pressionado pessoalmente Trump para que o caso fosse arquivado. Embora a Meta não confirme o episódio, o ambiente político polarizado pode influenciar os rumos do julgamento.
Diferente do Google, Meta tem mais chances de provar que há ampla concorrência
Apesar da relevância, analistas afirmam que a FTC enfrentará um caminho mais difícil do que no processo semelhante movido contra o Google. Isso porque, ao contrário do setor de buscas — dominado quase exclusivamente pelo Google — o mercado de redes sociais tem múltiplos concorrentes ativos.
Caso a Meta perca, o impacto será bilionário. Estima-se que o WhatsApp valeria hoje mais de R$ 587 bilhões (US$ 100 bilhões), e o Instagram, valor semelhante. Além disso, o resultado pode abrir precedentes para ações contra outras gigantes da tecnologia, como Google, Apple e Amazon.
O julgamento deve se estender por semanas, com depoimentos esperados de Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg, ex-diretora de operações da Meta. Além disso, o caso pode definir o novo limite entre inovação e monopólio na era digital