Nos últimos anos, os carros elétricos têm sido amplamente promovidos como uma solução sustentável para reduzir as emissões de dióxido de carbono e combater as mudanças climáticas.
No entanto, uma análise mais detalhada, publicada na Nature, revela que a produção e o descarte de baterias de íons de lítio (LiBs), utilizadas nesses veículos, apresentam sérios riscos ambientais.
As baterias de íons de lítio são fundamentais para a infraestrutura de energia limpa e sustentável. Contudo, tecnologias emergentes de LiBs incorporaram substâncias como bis-perfluoroalquil sulfonimidas (bis-FASIs), uma classe de PFAS reconhecidas internacionalmente como contaminantes persistentes, móveis e tóxicos.
A liberação de bis-FASIs durante a fabricação, uso e descarte das LiBs pode ter impactos ambientais significativos. Estudos demonstram que as concentrações ambientais de bis-FASIs perto de fabricantes de baterias são comparáveis a outras PFAS, como o ácido perfluorooctanoico (PFOA), que agora são altamente regulamentadas e proibidas mundialmente.
As PFAS são compostos antropogênicos amplamente utilizados em inúmeros produtos de consumo e processos industriais. No setor de energia, essas substâncias são encontradas em revestimentos de turbinas eólicas, semicondutores, coletores solares e células fotovoltaicas. Especificamente, na fabricação de LiBs, PFAS são utilizadas como eletrólitos devido à sua condutividade e estabilidade eletroquímica.
Carros elétricos
A reciclagem de baterias de íons de lítio é extremamente baixa, com estimativas sugerindo que apenas 5% dessas baterias são recicladas, o que pode resultar em cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos de LiBs até 2040. Esse processo de reciclagem pode liberar bis-FASIs no meio ambiente, representando uma fonte crescente de poluição global.
As PFAS são conhecidas por sua resistência à degradação ambiental, permanecendo no ambiente por longos períodos. Estudos recentes confirmaram a presença de bis-FASIs em águas superficiais, águas residuais e água potável na Europa e na China, indicando a disseminação dessas substâncias em escala global. Além disso, pesquisas limitadas indicam que bis-FASIs podem não ser removidos durante tratamentos convencionais de água, o que exacerba o problema.
Embora os carros elétricos ofereçam uma alternativa promissora para reduzir as emissões de CO2, é crucial reconhecer e abordar os impactos ambientais associados à produção e descarte de baterias de íons de lítio.
A presença de substâncias tóxicas e persistentes como os PFAS nas LiBs exige uma maior regulamentação e estratégias eficazes de reciclagem e tratamento. A transição para uma energia limpa não deve ser feita à custa da contaminação ambiental crescente. A conscientização sobre esses problemas é essencial para garantir que as soluções energéticas do futuro sejam verdadeiramente sustentáveis.
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