Cemitério de carros elétricos na China revela falência de 90% das montadoras do país

Por Cássio Gusson
Cemitério de carros elétricos na China revela falência do setor no país. Foto: Dall-e

Dados recentes revelados pelo portal Mobility Channel (MOCHA), destacam que o setor de carros elétricos na China está longe do glamour que aparenta, com milhares de veículos abandonados e uma guerra de preços que deixou muitos desses fabricantes na falência.

Em grandes cidades chinesas, é cada vez mais comum encontrar vastos terrenos repletos de carros elétricos abandonados, muitos deles ainda com placas de licença, indicando que foram comprados e registrados em algum momento. A maioria desses veículos foi adquirida por empresas de compartilhamento de carros, que aparentemente nunca tiveram a intenção de usá-los regularmente.

Duas décadas atrás, o governo chinês iniciou um investimento massivo em veículos de novas energias, incluindo híbridos, elétricos e veículos a hidrogênio, na tentativa de acompanhar os fabricantes ocidentais.

Esse impulso resultou na criação de aproximadamente 500 fabricantes de EVs, um número insustentável a longo prazo. Com o aumento das exigências para obtenção de subsídios e a dificuldade em atingir volumes de vendas significativos, muitas dessas empresas começaram a enfrentar sérias dificuldades financeiras.

Carros elétricos em cemitérios na China

Atualmente, estima-se que 90% das empresas que começaram com grandes expectativas praticamente não existem mais. A pandemia de COVID-19 e a crise econômica subsequente agravaram ainda mais a situação, levando a uma série de falências no setor.

No último ano, o número oficial de fabricantes de EVs caiu para menos de 100, embora especialistas acreditem que o número real de empresas ativas seja muito menor.

Empresas como a Letim, que há oito anos era vista como uma rival da Tesla, declararam falência recentemente. Outro exemplo é a Neutron, que também não conseguiu sobreviver à competição acirrada. A Evergrande New Energy Auto, parte de um conglomerado que investiu bilhões em carros elétricos, sofreu perdas massivas, perdendo 17 milhões de dólares por cada carro vendido. A WM Motor, que parecia promissora com um capital de 5,3 bilhões de dólares, também está em processo de reestruturação.

Enquanto isso, a nova tecnologia de baterias de Ion-Sódio está ganhando força nos Estados Unidos e promete competir com a China no mercado global. Esta inovação pode alterar ainda mais a dinâmica do mercado, trazendo desafios adicionais para os fabricantes chineses de EVs que já enfrentam dificuldades.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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