Jim Farley, CEO da Ford, surpreendeu o mercado automotivo ao revelar, durante um podcast, que vem dirigindo o sedan Xiaomi SU7, importado da China, pelas ruas de Chicago nos últimos seis meses.
O executivo elogiou o carro de maneira entusiasmada, classificando-o como “fantástico” e admitindo que não consegue deixar de dirigi-lo. O Xiaomi SU7, um veículo elétrico da gigante chinesa de tecnologia, está causando impacto, até mesmo entre os executivos de empresas automotivas tradicionais.
No podcast “Everything Electric Show”, Farley compartilhou sua experiência com o Xiaomi SU7 e comentou sobre a crescente diferença entre as montadoras ocidentais e as chinesas. Ele destacou como a Xiaomi, conhecida por sua linha de smartphones e eletrônicos de consumo, conseguiu desenvolver um carro tão inovador. “Eles vendem 10.000 a 20.000 unidades por mês, e estão com fila de espera de seis meses”, disse Farley, impressionado com o sucesso comercial do modelo.
Farley ressaltou que, ao contrário do Ocidente, onde as empresas de tecnologia não costumam se envolver diretamente na fabricação de veículos, na China, gigantes como Xiaomi e Huawei estão profundamente integradas ao setor automotivo.
“No Ocidente, nossas empresas de celulares não fabricam carros, mas na China, tanto a Xiaomi quanto a Huawei estão presentes em cada veículo que é produzido”, comentou o executivo.
Carro Xiaomi SU7
O Xiaomi SU7 não é apenas mais um carro elétrico; ele reflete a interconexão entre os setores de tecnologia e automóveis na China. Utilizando o mesmo sistema operacional de seus smartphones e tablets, o SU7 permite uma integração que impressiona até mesmo os líderes da indústria automotiva. A experiência de dirigir o Xiaomi SU7 foi uma epifania para Farley, que afirmou que as montadoras americanas subestimaram o avanço das concorrentes chinesas.
Essa integração, que permite ao consumidor adquirir acessórios para o carro na mesma loja onde compra um celular, é uma das grandes vantagens competitivas do Xiaomi SU7. Em contraste, no Ocidente, sistemas como o Android Automotive, do Google, ainda não atingiram o nível de refinamento e conectividade que as empresas chinesas alcançaram.
Farley reconheceu que a experiência com o Xiaomi SU7 levou a Ford a repensar sua estratégia de mercado. Ele relembrou como as montadoras americanas demoraram a reagir à chegada de marcas japonesas como Toyota e Honda nas décadas de 1970 e 1980 e alertou para o risco de cometer o mesmo erro com as marcas chinesas. “Nós não podemos perder essa chance.
Precisamos acertar logo de cara”, afirmou Farley, ao explicar que a Ford pretende criar veículos elétricos de baixo custo, a partir do zero, para competir com empresas como BYD.
A admiração de Farley pelo Xiaomi SU7 gerou repercussão na China, onde a declaração viralizou. Especialistas em veículos elétricos, como o analista Lei Xing, destacaram a relevância do comentário, que demonstra o quanto a indústria automotiva ocidental precisa se ajustar para acompanhar o ritmo de inovação dos concorrentes chineses.