O Departamento de Comércio dos EUA está prestes a propor uma nova medida que pode afetar diretamente a importação e venda de veículos conectados e autônomos com software ou hardware chineses.
De acordo com fontes da Reuters, a proposta deve ser formalizada nesta semana, e surge em meio a preocupações crescentes do governo Biden sobre possíveis riscos à segurança nacional, relacionados à coleta de dados sensíveis por empresas chinesas e à manipulação de sistemas de veículos conectados.
A regulamentação, que ainda está em fase de proposta, tem como objetivo impedir que veículos importados da China, ou aqueles que utilizem tecnologias chinesas em sistemas críticos de comunicação e direção autônoma, sejam vendidos nos EUA.
Segundo as fontes, que preferiram não ser identificadas, a preocupação principal do governo norte-americano é que essas tecnologias possam ser utilizadas para capturar dados sobre motoristas e infraestrutura local, além de permitir que esses veículos conectados sejam manipulados de forma remota.
Esta possível proibição é mais um passo nas crescentes tensões comerciais entre os EUA e a China, especialmente no setor automotivo e de tecnologia.
Na semana anterior, o governo Biden já havia anunciado um aumento significativo nas tarifas sobre veículos elétricos importados da China, com uma taxa de até 100%, além de novas tarifas sobre baterias e minerais essenciais para a produção de carros elétricos.
A proposta reflete a postura cada vez mais rígida dos EUA em relação à tecnologia chinesa em setores críticos, especialmente em veículos autônomos, que estão se tornando uma realidade crescente nas estradas americanas.
A medida é vista como uma forma de proteger a infraestrutura digital e os dados dos motoristas, que poderiam estar vulneráveis a acessos não autorizados ou espionagem estrangeira.
Medida amplia restrições a componentes chineses
Com a regulação ainda em análise, a proposta, se aprovada, poderá impactar diretamente as importações de veículos e componentes chineses, aumentando a série de medidas impostas pelo governo norte-americano devido a preocupações com a segurança nacional.
A Huawei, gigante chinesa de telecomunicações, foi acusada de espionagem e de ter laços estreitos com o governo chinês e, por isso, incluída em uma lista negra de entidades que impede que ela faça negócios com empresas americanas, afetando o fornecimento de componentes essenciais, como semicondutores e software, dificultando sua atuação no mercado global.
A disputa judicial envolvendo o TikTok segue uma trajetória similar, com o governo dos EUA argumentando que o aplicativo, de propriedade da empresa chinesa ByteDance, representa um risco à segurança nacional por coletar dados pessoais de milhões de americanos.
O governo de Donald Trump tentou banir o TikTok nos EUA, alegando que ele poderia compartilhar informações sensíveis com o governo chinês, o que gerou uma série de batalhas judiciais.
Por fim, a proibição foi aprovada com prazo estabelecido para 19 de janeiro de 2025.
De acordo com uma lei assinada pelo presidente Biden, a ByteDance, empresa-mãe do TikTok baseada na China, deve vender os ativos do aplicativo nos Estados Unidos até essa data, sendo banido do país caso descumpra.
Atualmente, o TikTok está envolvido em uma batalha judicial para tentar bloquear essa lei. A empresa argumenta que a proibição é inconstitucional, violando os direitos de liberdade de expressão dos americanos.