- Tesla Cybertruck não vende como esperado e estoque encalha nos EUA.
- Tesla acumula prejuízos e enfrenta queda nas vendas globais.
- Recall, críticas e baixa procura fazem Cybertruck afundar.
O Tesla Cybertruck surgiu como uma promessa revolucionária. Elon Musk quis reinventar o conceito de picape com um veículo elétrico ousado, de linhas angulares e aparência futurista. No entanto, poucos anos depois do lançamento, a realidade se impôs de forma dura: o Cybertruck acumula milhares de unidades encalhadas e amarga um desempenho comercial muito abaixo das expectativas.
A Tesla esperava vender até 250 mil unidades por ano, segundo projeções do próprio Musk. Mas em 2024, seu primeiro ano completo nas ruas, o Cybertruck mal passou de 39 mil unidades. Para piorar, a marca precisou reduzir a produção diante do estoque elevado. Só nos Estados Unidos, a empresa tem mais de US$ 200 milhões em picapes paradas, o que equivale a cerca de 2.400 veículos não vendidos.
A situação ficou ainda mais grave quando a Tesla anunciou que as vendas nos meses de janeiro e fevereiro caíram 32,5%, totalizando apenas 2.619 unidades comercializadas. Em contraste, a Gigafactory em Austin, no Texas, foi atualizada para suportar uma produção de 250 mil Cybertrucks por ano. A estrutura agora representa um investimento difícil de justificar.

Tesla Cybertruck
O alto preço de entrada, de US$ 82.235, afasta muitos consumidores. Ao mesmo tempo, os problemas mecânicos se acumulam. A Tesla precisou emitir um recall para mais de 46 mil unidades, praticamente todos os veículos já entregues, por conta de peças de acabamento soltas e falhas no pedal do acelerador.
Mesmo com inúmeros incentivos, como descontos generosos e financiamento com juros zero, a marca não consegue recuperar o ritmo de vendas. A queda nos preços de revenda também preocupa: os Cybertrucks usados já estão 55% mais baratos do que no ano anterior. E, para agravar, a própria Tesla evita aceitar o modelo como troca na compra de novos veículos.
Elon Musk tentou justificar o insucesso com declarações ousadas. Disse que não faz pesquisas de mercado e que as picapes não mudam há 100 anos. No entanto, o mercado já mostrou por quê: os consumidores valorizam capacidade de carga, confiabilidade e resistência, pontos em que o Cybertruck ainda falha.
Além das falhas técnicas, o veículo sofre com a imagem desgastada de Musk e protestos globais contra a Tesla, que refletem em uma percepção negativa da marca. Mesmo sendo um produto ousado, o Cybertruck virou um símbolo de excesso de ambição mal calculada.
Apesar de tudo, o modelo encerrou 2024 como o caminhão elétrico mais vendido dos EUA, sinalizando que ainda existe espaço para recuperação. Para isso, a Tesla depende de uma reformulação urgente e de mudanças claras na estratégia de vendas.
O Cybertruck entrou para a história, mas pelos motivos errados. Ele representa um alerta sobre os riscos de ignorar o que o mercado realmente deseja, apostando tudo em design ousado e promessas não cumpridas. Resta saber se Musk conseguirá reverter esse cenário antes que o prejuízo se torne ainda maior.