A Índia está enfrentando uma onda de calor sem precedentes, que já dura quase um mês, afetando severamente a produção agrícola, o abastecimento hídrico e a saúde humana e animal. Desde meados de maio, partes do norte e centro do país registram temperaturas acima de 45 graus Celsius em pelo menos 37 cidades, resultando em pelo menos 80 mortes devido ao calor extremo.
Na semana passada, um trágico incidente ocorreu quando quase 40 macacos selvagens se afogaram em um poço enquanto buscavam desesperadamente por água. Este episódio evidencia o impacto devastador das altas temperaturas não apenas nas pessoas, mas também na vida selvagem.
Segundo Mrutyunjay Mohapatra, chefe do Departamento Meteorológico da Índia (IMD), esta é a onda de calor mais longa já registrada no país. O especialista em clima do governo indiano alertou que as regiões afetadas enfrentarão temperaturas cada vez mais opressivas devido ao aquecimento global.
A Índia é o terceiro maior emissor mundial de gases de efeito estufa, que são os principais responsáveis pelo aquecimento global, e depende majoritariamente do carvão, um combustível altamente poluente, para gerar energia.
Aquecimento global
A atual onda de calor levou Nova Déli a registrar temperaturas que se aproximam do recorde de 2022, beirando os 49°C. Um estudo revelou que este fenômeno foi intensificado pelas mudanças climáticas induzidas pelo homem.
O verão indiano, que vai de abril a junho, tem se tornado cada vez mais intenso na última década, geralmente acompanhado por uma grave escassez de água. Segundo uma pesquisa que avaliou condições climáticas passadas e presentes, como pressão atmosférica, temperatura e precipitação, as ondas de calor na Índia são agora quase 1,5°C mais intensas.
O fenômeno está gerando um grave problema de saúde para a população. O governo local estima que cerca de 11 mil pessoas morreram durante as ondas de calor neste século, embora especialistas afirmem que esse número é subestimado. No ano passado, foram registrados 150 óbitos relacionados ao calor extremo.