A China deu um passo significativo na exploração científica das camadas internas da Terra, iniciando a perfuração de um poço com mais de 10 mil metros de profundidade na Bacia de Tarim, localizada na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste do país.
Este projeto ambicioso, que ganhou o apelido de ‘Buraco para o inferno’, por ser um dos maiores e mais fundos poços já abertos no planeta, promete revelar novos conhecimentos sobre as áreas mais profundas do planeta, com implicações importantes para a geologia e a exploração de recursos naturais.
A perfuração, que começou no dia 6 de junho de 2023, envolve o uso de equipamentos de última geração, incluindo brocas e tubos de perfuração que, juntos, pesam mais de 2.000 toneladas. Estes equipamentos são projetados para penetrar profundamente na Terra, atravessando mais de 10 camadas continentais, incluindo o sistema Cretáceo. A complexidade técnica deste projeto reflete a determinação da China em liderar a pesquisa geológica profunda.
China estuda camadas profundas do planeta
O professor Felix Nannini, geólogo e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), explica que a iniciativa busca investigar as características das rochas sedimentares da Bacia de Tarim.
“As bacias sedimentares são locais de acúmulo de sedimentos ao longo do tempo geológico, no caso dessa bacia a espessura total do material sedimentado pode ultrapassar 10 mil metros em alguns trechos na porção mais interior”, afirma Nannini.
A Bacia de Tarim é conhecida por seu ambiente de solo áspero e condições subterrâneas complicadas, tornando-a uma das áreas mais desafiadoras para a exploração. Apesar dessas dificuldades, a perfuração profunda permitirá um entendimento detalhado dos tipos de rochas sedimentares existentes em subsuperfície e a avaliação de possíveis depósitos de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás.
Conforme o poço se aprofunda, a pressão e a temperatura aumentam significativamente. A força da gravidade faz com que o material terrestre exerça uma força peso em direção ao centro da Terra, aumentando a pressão com a profundidade.
“Quanto maior for a profundidade no interior da Terra, maior também será a pressão”, explica Nannini. Este aumento de pressão e temperatura pode deformar os equipamentos de perfuração, tornando o avanço extremamente desafiador.
Além da pressão, a alta energia térmica interna da Terra apresenta outro obstáculo significativo. Temperaturas elevadas em grandes profundidades podem fragilizar os equipamentos, impedindo o progresso da perfuração.
O sucesso da China neste projeto pode abrir caminho para novas descobertas sobre a estrutura interna da Terra e melhorar a compreensão dos recursos naturais disponíveis.