Pesquisadores suíços alcançaram um marco significativo na ciência ao conseguir mover objetos utilizando apenas ondas sonoras. Esse avanço, liderado pelo Laboratório de Engenharia de Ondas da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), promete revolucionar várias áreas, incluindo a biomedicina, devido à sua capacidade de realizar manipulações precisas e não invasivas.
O estudo foi recentemente publicado na prestigiada revista Nature, destacando a importância dessa descoberta. Nos experimentos realizados, os cientistas usaram ondas sonoras para guiar uma bola flutuante em um tanque de água.
O dispositivo funcionava como se estivesse empurrando um disco de hóquei com um taco, de maneira suave e controlada. As ondas eram geradas por alto-falantes posicionados nas extremidades do tanque, que direcionavam a bola ao longo de um percurso predeterminado. A posição da bola era monitorada por uma câmera suspensa, garantindo precisão nos movimentos.
Mover objetos com o som
Segundo Romain Fleury, chefe do laboratório, essa técnica inovadora tem grande potencial para a administração não invasiva de medicamentos. Isso significa que, no futuro, tratamentos médicos poderão ser mais precisos, reduzindo danos aos tecidos saudáveis e aumentando a eficácia das terapias.
“Alguns métodos já utilizam ondas sonoras para liberar medicamentos encapsulados, então essa abordagem pode ser especialmente útil para direcionar medicamentos diretamente às células tumorais”, explica Fleury.
Além das aplicações médicas, os pesquisadores veem possibilidades promissoras em outras áreas. Por exemplo, na engenharia de tecidos, onde a manipulação direta de células pode causar danos ou contaminação, as ondas sonoras oferecem uma alternativa segura e eficiente.
Fleury também vislumbra o uso dessa tecnologia na impressão 3D, permitindo organizar partículas microscópicas com precisão antes de solidificá-las, o que pode levar a avanços significativos na fabricação de materiais complexos.
O custo e a complexidade de mover objetos em ambientes líquidos de maneira controlada sempre foram desafios significativos. No entanto, a técnica desenvolvida pelos pesquisadores da EPFL abre novas possibilidades, especialmente em análises biológicas onde a integridade dos materiais é crucial.
“Mover objetos sem contato direto elimina o risco de contaminação, o que é vital em muitas aplicações científicas e médicas”, acrescenta Fleury.
A inovação não para por aí. Os pesquisadores estão explorando a ampliação dessa técnica para manipular diferentes tipos de materiais e em diversas escalas. A possibilidade de usar ondas sonoras para mover objetos maiores ou mais pesados está sendo estudada, o que poderia transformar ainda mais áreas como a logística e o manuseio de materiais sensíveis.