Pesquisadores deram um novo passo no desenvolvimento de carne de porco cultivada em laboratório, utilizando uma estrutura de suporte inovadora feita a partir de kafirina, uma proteína extraída do sorgo vermelho.
Essa estrutura, sem glúten e segura para pessoas com alergias, marca uma revolução no campo das carnes cultivadas e oferece uma alternativa mais ética e sustentável ao consumo de carne animal.
A carne de porco cultivada usa células animais reais, mas crescidas em laboratório sobre uma matriz de proteínas, ao invés de serem retiradas diretamente de animais. No caso dessa pesquisa, publicada recentemente na Journal of Agricultural and Food Chemistry, cientistas como Linzhi Jing e Dejian Huang utilizaram uma matriz de kafirina, extraída do sorgo vermelho, para sustentar o crescimento das células de porco.
Ao longo de 12 dias, as células aderiram à estrutura de kafirina e começaram a se transformar em músculo e gordura de porco, formando uma carne semelhante à de origem animal.
Carne de porco cultivada em laboratório
Essa inovação resolve problemas comuns enfrentados por outros materiais de suporte, como proteínas de trigo ou soja, que podem causar reações alérgicas ou requerem processos adicionais para estabilização. A kafirina, por outro lado, é insolúvel em água e mais resistente, proporcionando um suporte estável para o crescimento das células sem a necessidade de tratamentos extras.
A carne de porco cultivada sobre a estrutura de kafirina também apresentou uma coloração vermelha similar à da carne tradicional, graças aos pigmentos do sorgo. Além da semelhança visual, o estudo revelou que essa carne de porco cultivada tem níveis mais altos de proteínas e gorduras saturadas em comparação com o porco magro convencional, mas possui menos gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas.
Ainda assim, os cientistas afirmam que ajustes nutricionais e texturais são necessários para alcançar um produto mais próximo da carne natural.
Essa nova abordagem com carne de porco cultivada coloca a kafirina como uma candidata promissora para a produção em larga escala de carnes cultivadas. Por ser um produto de laboratório, a carne cultivada oferece benefícios ecológicos significativos: o processo exige menos recursos naturais, como água e terra, além de emitir menos gases de efeito estufa, em comparação com a produção de carne convencional.