- Olho humano em transformação: Oz ativa 1.000 cones da retina para criar nova cor
- Cor “olo” supera em saturação todos os tons naturais
- Técnica pode ajudar no tratamento de doenças oculares
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, desenvolveram uma técnica inovadora que permite ao olho humano enxergar uma nova cor, jamais vista antes pela humanidade. Assim, a plataforma, batizada de Oz, utiliza microdoses de laser para ativar até 1.000 fotorreceptores da retina ao mesmo tempo, gerando experiências visuais inéditas.
A equipe descreve a cor descoberta como “olo”, um azul-esverdeado extremamente vibrante e saturado, muito mais intenso do que qualquer verde ou azul encontrado na natureza. “Foi como ver o verde-azulado mais profundo que já existiu. Nada se compara”, disse Austin Roorda, professor de optometria e ciência da visão e um dos criadores da plataforma.
Oz estimula cones específicos da retina com precisão laser

Desse modo, o sistema Oz escaneia uma pequena região da retina e ativa individualmente os cones S, M e L, responsáveis pela captação das cores azul, verde e vermelho, respectivamente. Com isso, os cientistas conseguem induzir a percepção de cores completamente novas, ao manipular combinações que não existem na natureza.
O segredo está na estimulação isolada dos cones M, que normalmente se sobrepõem aos cones L. “Não há luz natural que consiga ativar apenas os cones M. Mas com o Oz, conseguimos fazer exatamente isso”, explicou Ren Ng, professor de engenharia elétrica e coautor do estudo.
Cor “olo” surpreende em experimentos com humanos
Assim, cinco voluntários participaram dos testes. Eles relataram uma experiência visual única, descrevendo a nova cor como algo entre o verde-pavão e o azul profundo, com intensidade muito acima das cores convencionais. Assim, quando os pesquisadores aplicaram pequenas variações nos feixes de laser, os participantes imediatamente deixaram de ver “olo” e voltaram a enxergar apenas a cor verde comum da luz.
“A diferença é tão clara que o verde da caneta laser parece amarelado ao lado de olo”, disse Hannah Doyle, doutoranda e coautora do artigo publicado na Science Advances.
Nova era para a neurociência da visão
Além de revelar uma nova cor, o Oz pode revolucionar o estudo de doenças oculares, como a degeneração da retina e o daltonismo. A equipe já testa o sistema para simular a perda de cones em pacientes saudáveis e compreender como o cérebro se adapta a essas alterações.
“O cérebro humano é incrível. Ele consegue entender sinais novos, mesmo que nunca os tenha processado antes”, afirmou Roorda. Segundo os cientistas, essa técnica também pode expandir a percepção humana para além do espectro natural — talvez até permitir visão tetracromática, com a criação de novas combinações de cores impossíveis para a biologia atual.