Cientistas descobriram criaturas marinhas com uma capacidade impressionante: fundir seus corpos em um só quando feridas. Essas criaturas, conhecidas como ctenóforos ou águas-vivas pente, possuem corpos frágeis e são invertebrados marinhos que se movimentam por meio de cílios.
Embora simples em termos biológicos, com sistemas nervoso e digestivo básicos, os ctenóforos surpreenderam os pesquisadores ao exibirem uma habilidade que pode revolucionar nossa compreensão sobre regeneração.
O estudo, conduzido por uma equipe de cientistas, revelou que quando dois ctenóforos se machucam, eles podem se unir e criar um único organismo funcional. Essa descoberta aconteceu por acaso, quando os cientistas notaram um espécime maior e deformado em um tanque de laboratório.
Curiosamente, esse ctenóforo apresentava dois órgãos sensoriais em vez de um, além de dois ânus, sugerindo que dois indivíduos haviam se fundido após uma lesão.
Para investigar o fenômeno, os cientistas retiraram parte das lobas de vários ctenóforos e os colocaram próximos. Em 90% dos casos, as criaturas feridas se fundiram durante a noite, formando um único organismo maior. A fusão foi tão completa que, ao estimular uma parte do corpo, o organismo inteiro reagia de maneira coordenada, indicando que os sistemas nervosos das duas criaturas haviam se integrado.
Cientistas descobrem estranhas criaturas marinhas
Além do sistema nervoso, os ctenóforos fundidos compartilharam também o sistema digestivo. Os pesquisadores realizaram testes alimentando um dos organismos com camarões marcados com fluorescência e observaram o processo digestivo. Os resultados mostraram que ambos os ânus funcionavam normalmente, alternando entre si durante a digestão.
Essa capacidade fascinante pode ter evoluído como uma estratégia de sobrevivência para criaturas feridas que, de outra forma, não sobreviveriam sozinhas. No entanto, os cientistas acreditam que a ausência de um sistema de reconhecimento de células, presente em organismos mais complexos, permite que essas criaturas aceitem as células umas das outras sem rejeição, facilitando a fusão.
A fusão entre ctenóforos abre novas possibilidades para a ciência. Segundo Kei Jokura, autor do estudo, entender os mecanismos moleculares por trás dessa fusão pode oferecer insights valiosos para a medicina regenerativa. A capacidade de regenerar tecidos e integrar sistemas nervosos de forma tão eficiente pode ajudar no desenvolvimento de novas terapias que promovam a recuperação de tecidos danificados em humanos.