Cientistas encontram as ‘chaves’ para a imortalidade

Por Cássio Gusson
Anêmona-do-mar pode ser a chave para a imortalidade. Foto: Dall-e

A busca pela imortalidade, um dos maiores mistérios da ciência, acaba de dar um passo significativo com a descoberta de células especiais em uma anêmona-do-mar que podem explicar a sua longevidade extraordinária.

Pesquisadores da Universidade de Viena, liderados por Ulrich Technau, identificaram células-tronco multipotentes na anêmona-do-mar *Nematostella vectensis*, capazes de regenerar tecidos e, potencialmente, conferir uma espécie de imortalidade a esses organismos.

As anêmonas-do-mar pertencem ao grupo dos cnidários, animais conhecidos por suas impressionantes habilidades regenerativas. Diferente de humanos e outros vertebrados, que possuem uma capacidade limitada de regenerar tecidos, esses animais podem se reproduzir assexuadamente e praticamente não envelhecem.

O estudo, publicado na *Science Advances*, revela como genes altamente conservados, como o *nanos* e o *piwi*, desempenham um papel crucial nesse processo, oferecendo insights valiosos que podem revolucionar a pesquisa sobre envelhecimento e saúde humana.

O papel das células-tronco na imortalidade

As células-tronco são o coração da regeneração e do rejuvenescimento nos organismos vivos. Em humanos, essas células são responsáveis pela renovação contínua de tecidos como sangue, pele e cabelo. No entanto, à medida que envelhecemos, a capacidade regenerativa dessas células diminui, levando ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças. A descoberta das células-tronco multipotentes na *Nematostella vectensis* abre novas perspectivas para entender como a imortalidade pode ser biologicamente viável.

Utilizando técnicas avançadas de genômica de célula única, os cientistas conseguiram mapear as expressões gênicas dessas células, identificando uma população significativa de células-tronco que permaneciam desconhecidas devido ao seu tamanho minúsculo. Essas células expressam genes como *nanos* e *piwi*, que são fundamentais para o desenvolvimento de células germinativas em todos os animais, incluindo os humanos.

O que torna essa descoberta ainda mais fascinante é a conservação desses genes ao longo de 600 milhões de anos de evolução. Nos seres humanos, esses genes estão ativos apenas na formação de óvulos e espermatozoides, mas nos cnidários, eles parecem conferir uma capacidade regenerativa que impede o envelhecimento. Ao manipular o gene *nanos2* através da técnica CRISPR, os cientistas demonstraram que ele é essencial para a formação de células germinativas nas anêmonas-do-mar, um processo que é conservado em várias espécies.

Essas descobertas abrem caminho para novas pesquisas que poderão revelar como essas células-tronco especiais podem ser aplicadas na medicina regenerativa humana. A capacidade de regenerar tecidos e retardar o envelhecimento pode não estar tão distante quanto imaginávamos, e a *Nematostella vectensis* pode ser a chave para desvendar os segredos da longevidade.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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