Cientistas usam cotonete para prevê quando uma pessoa vai morrer

Por Cássio Gusson
Foto: Dall-e

Nos últimos anos, os avanços da ciência permitiram que os pesquisadores explorassem o conceito do envelhecimento de uma forma cada vez mais precisa. Agora, cientistas dos Estados Unidos estão utilizando uma simples coleta de células da bochecha para prever a expectativa de vida de uma pessoa.

Esse novo teste epigenético, chamado de CheekAge, pode revolucionar a forma como entendemos o processo de envelhecimento e o risco de mortalidade.

A epigenética, área da biologia que estuda as mudanças no DNA causadas por fatores ambientais e comportamentais, como o estresse, a má alimentação e o consumo de álcool, desempenha um papel crucial no processo de envelhecimento. Essas influências externas deixam marcas no genoma através da metilação do DNA.

Com o tempo, essas alterações podem ser medidas e usadas para calcular a “idade biológica” de uma pessoa, que pode ser diferente da idade cronológica. O CheekAge utiliza dados de metilação do DNA coletados de células bucais, que são fáceis de obter com o uso de um cotonete.

De acordo com os pesquisadores, essa técnica pode prever de forma precisa o risco de mortalidade, tornando-se uma alternativa menos invasiva do que os métodos tradicionais que exigem coleta de sangue. A simplicidade da coleta é um grande avanço, pois elimina a necessidade de procedimentos mais complicados e estressantes para os pacientes.

Cientistas podem prever a morte com precisão

O estudo que deu origem ao CheekAge analisou dados de 1.513 homens e mulheres nascidos entre 1921 e 1936. Esses voluntários participaram do programa Lothian Birth Cohorts, da Universidade de Edimburgo, que segue indivíduos ao longo da vida, coletando dados sobre saúde, comportamento e genética.

Ao longo de anos, os cientistas usaram esses dados para treinar o CheekAge, correlacionando cerca de 200 mil locais de metilação no DNA com fatores de saúde e estilo de vida.

Os resultados mostraram que o CheekAge conseguiu prever com precisão o risco de mortalidade, superando outros “relógios epigenéticos” de gerações anteriores que dependiam de amostras de sangue. Um aumento de apenas uma unidade no CheekAge resultou em um aumento de 21% no risco de morte, o que demonstra a forte correlação entre as mudanças epigenéticas e o risco de mortalidade.

O CheekAge não só prediz a mortalidade, como também oferece uma nova forma de investigar genes que afetam a longevidade e a suscetibilidade a doenças relacionadas ao envelhecimento. Entre os genes identificados pelos cientistas, o PDZRN4 e o ALPK2 se destacam. O primeiro está possivelmente ligado à supressão de tumores, enquanto o segundo já foi associado à saúde cardíaca e ao câncer em estudos com animais.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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