Uma criança de 12 anos tornou-se a primeira a receber um implante cerebral no Reino Unido como parte de um ensaio clínico inovador para tratar a epilepsia. O procedimento, realizado pela equipe do University College London (UCL), marca um avanço significativo no tratamento da epilepsia em crianças, proporcionando esperança para milhares de famílias afetadas por essa condição debilitante.
O ensaio clínico faz parte do projeto CADET (Childhood Epilepsy Treatment with Deep Brain Stimulation), uma iniciativa pioneira que investiga o uso da estimulação cerebral profunda (DBS) para controlar crises epilépticas em crianças.
A DBS é uma técnica que envolve a implantação de eletrodos no cérebro, os quais são conectados a um dispositivo semelhante a um marca-passo. Este dispositivo envia impulsos elétricos ao cérebro para ajudar a regular a atividade neural anormal associada à epilepsia.
A jovem paciente, que não teve a identidade revelada, sofria de epilepsia refratária, uma forma de epilepsia que não responde aos tratamentos convencionais. Após uma série de avaliações rigorosas e discussões com a família, os médicos do UCL decidiram que ela era uma candidata ideal para o procedimento. A cirurgia foi realizada com sucesso, e os médicos estão otimistas sobre os resultados.
Epilepsia
A Dra. Helen Cross, uma das principais pesquisadoras do projeto, explicou a importância deste avanço.
“A epilepsia refratária pode ser devastadora para as crianças e suas famílias. Este ensaio clínico oferece uma nova esperança para aqueles que não respondem aos tratamentos tradicionais. A DBS tem o potencial de transformar a vida desses pacientes, proporcionando-lhes uma qualidade de vida significativamente melhor.”
A estimulação cerebral profunda já é utilizada com sucesso no tratamento de outras condições neurológicas, como a doença de Parkinson. No entanto, seu uso na epilepsia, especialmente em crianças, é uma área relativamente nova de pesquisa. Estudos preliminares sugerem que a DBS pode reduzir significativamente o número e a gravidade das crises epilépticas, permitindo que os pacientes vivam de forma mais independente e com menos limitações.
O sucesso inicial deste ensaio clínico é um passo importante para a adoção mais ampla da DBS no tratamento da epilepsia pediátrica. Os pesquisadores do UCL continuarão a monitorar a jovem paciente e outros que se juntarão ao ensaio para avaliar a eficácia e a segurança a longo prazo do tratamento. Se os resultados continuarem positivos, a DBS poderá se tornar uma opção padrão para crianças com epilepsia refratária.
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