Dias vão ficar mais longos com mudanças no núcleo do planeta, aponta cientistas

Por Cássio Gusson
Dias vão ficar mais longos com mudanças no núcleo do planeta. Foto: Dall-e

Cientistas revelaram que o núcleo interno da Terra está desacelerando, o que pode resultar em dias mais longos no futuro. Esta descoberta, publicada na revista “Nature”, foi feita por uma equipe de pesquisadores que analisou dados de mais de 100 terremotos repetitivos ocorridos entre 1991 e 2023 na fronteira de placa tectônica nas Ilhas Sandwich do Sul, no Oceano Atlântico Sul.

O núcleo interno da Terra, composto principalmente de ferro e níquel, sempre girou um pouco mais rápido do que as camadas externas do planeta. No entanto, novos dados sugerem que essa rotação está desacelerando há pelo menos 14 anos.

Segundo John Vidale, sismólogo da Universidade do Sul da Califórnia (USC), Dornsife, essa desaceleração é um fenômeno intrigante que pode ter implicações significativas para o comprimento dos dias na Terra.

“Quando vi os sismogramas que indicavam essa mudança, fiquei perplexo. Mas quando encontramos mais duas dúzias de observações que sinalizavam o mesmo padrão, o resultado era inescapável”, afirmou Vidale.

Dias vão ficar mais longos

Os pesquisadores explicam que a desaceleração do núcleo interno pode afetar a atração gravitacional entre as camadas internas e externas da Terra. Isso poderia, eventualmente, fazer com que as camadas externas do planeta girem mais lentamente, resultando em dias ligeiramente mais longos. No entanto, essas mudanças seriam extremamente pequenas, provavelmente na ordem de milésimos de segundo, e imperceptíveis para a maioria das pessoas.

Esta não é a primeira vez que os cientistas sugerem que o núcleo interno da Terra está desacelerando. O fenômeno, conhecido como “retrocesso”, tem sido debatido por cerca de uma década, mas até agora era difícil de comprovar. O novo estudo é considerado a “evidência mais convincente” de que o retrocesso está realmente ocorrendo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram terremotos repetitivos, que são eventos sísmicos que ocorrem repetidamente no mesmo local. Ao mapear a posição do núcleo em relação ao manto durante esses terremotos, os cientistas puderam observar como a taxa de rotação do núcleo interno mudou ao longo do tempo.

Apesar das novas descobertas, o motivo pelo qual o núcleo interno está desacelerando ainda não está claro. As principais hipóteses sugerem que isso pode ser causado pela “agitação do núcleo externo de ferro líquido que o rodeia” ou pelos “puxões gravitacionais das regiões densas do manto rochoso sobrejacente”.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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