Uma dieta amplamente adotada para perda de peso, caracterizada por baixo teor de carboidratos e alto consumo de gorduras, pode estar associada a um aumento de 20% no risco de desenvolver diabetes tipo 2 (DT2). Essa é a conclusão de um estudo recente conduzido por pesquisadores das Universidades Monash e RMIT, em Melbourne, que alerta para os potenciais riscos de longo prazo dessa abordagem alimentar.
O estudo, publicado recentemente, analisa os efeitos de dietas com baixo teor de carboidratos (LCD) e alto teor de gordura, que ganharam popularidade globalmente, principalmente em países desenvolvidos, onde a incidência de diabetes tipo 2 continua a crescer.
Embora dietas ricas em carboidratos refinados e pobres em fibras já sejam associadas ao aumento de peso e à resistência à insulina, esta pesquisa se concentra no impacto das dietas de baixo carboidrato, que também podem ser prejudiciais quando mal balanceadas.
De acordo com a Professora Barbora De Courten, uma das principais autoras do estudo, dietas com alto teor de gordura e pobres em carboidratos podem contribuir para o aumento da obesidade, o que está diretamente relacionado ao maior risco de diabetes tipo 2.
“Carboidratos refinados levam ao aumento da secreção de insulina e da resistência à insulina, fatores diretamente ligados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2”, afirmou a pesquisadora.
Contudo, o estudo revela que a redução excessiva de carboidratos também pode resultar em efeitos negativos, especialmente quando acompanhada de alto consumo de gorduras, o que contribui para o ganho de peso.
A pesquisa foi baseada em dados do Melbourne Collaborative Cohort Study (MCCS), que acompanhou 39.185 adultos, entre 40 e 69 anos, durante um período de até 17 anos. O estudo demonstrou que os participantes que consumiam apenas 38% de sua energia proveniente de carboidratos apresentaram um risco 20% maior de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação àqueles que obtinham 55% de sua energia de carboidratos.
Necessidade de dieta balanceada
O estudo também revelou que a obesidade mediou 76% da associação entre a dieta de baixo carboidrato e o risco de diabetes, ou seja, o aumento do índice de massa corporal (IMC) foi um fator crucial na relação entre a alimentação de baixo teor de carboidrato e o desenvolvimento da doença. Isso sugere que dietas ricas em gorduras, especialmente gorduras insaturadas, podem não ser a solução ideal para perda de peso e saúde a longo prazo.
Com base nessas descobertas, os pesquisadores recomendam cautela ao adotar dietas de baixo carboidrato. Em vez disso, sugerem uma abordagem mais equilibrada, como a dieta mediterrânea, que inclui uma combinação saudável de carboidratos, proteínas e gorduras. Essa dieta é amplamente reconhecida por seus benefícios na prevenção de doenças metabólicas, incluindo o diabetes tipo 2.
Embora o estudo tenha limitações, como o uso de dados dietéticos auto-relatados e coletados há mais de uma década, seus achados são respaldados por um longo período de acompanhamento e por um ajuste para diversos fatores de confusão.
Os pesquisadores apontam que mais estudos, incluindo ensaios clínicos, são necessários para entender completamente o impacto de diferentes dietas na incidência de diabetes tipo 2.