Pesquisadores estão desvendando os mistérios da comunicação dos cachalotes, os gigantes das profundezas oceânicas, com a ajuda da inteligência artificial (IA).
Esses mamíferos marinhos, conhecidos por seus complexos comportamentos sociais, mergulham a profundidades de até 3 mil metros e podem prender a respiração por duas horas.
No entanto, suas interações e métodos de caça, especialmente contra lulas, permanecem um enigma.
Os cachalotes comunicam-se usando sequências rítmicas de cliques chamadas codas e vivem em sociedades matrilineares, onde filhas, mães e avós formam grupos estáveis enquanto os machos vagam pelos oceanos.
Estudos revelaram que as vocalizações dos cachalotes possuem uma estrutura semelhante à linguagem humana.
Pesquisadores identificaram 156 tipos distintos de codas e, com a ajuda da IA, estão decodificando um “alfabeto fonético” desses cliques.
Cada coda consiste em variações de tempo e ornamentações, sugerindo uma comunicação muito mais complexa do que se pensava anteriormente.
- Leia também: BingX lança o programa “Elite Trader Pro”
Pesquisadores avaliam que descobertas podem ajudar também na preservação das cachalotes
Kirsten Young, cientista marinha da Universidade de Exeter, comentou o estudo:
“Estamos começando a juntar as peças do quebra-cabeça. E talvez se pudéssemos ouvir e realmente entender algo como o quão importantes as avós dos cachalotes são para elas — algo que ressoa com os humanos, poderíamos impulsionar a mudança no comportamento humano para protegê-las.”
David Gruber, líder da Cetacean Translation Initiative (CETI), ressalta que a IA permite uma análise mais profunda das interações desses animais.
Desde 2005, o Dominica Sperm Whale Project tem estudado esses mamíferos no Caribe Oriental, descobrindo complexidades nunca antes observadas nas suas vocalizações.
Os cachalotes estão classificados como “vulneráveis” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e enfrentam ameaças como mudanças climáticas e poluição sonora.
A compreensão de suas comunicações pode ser crucial para a sua conservação e proteção no futuro.
Embora essas descobertas sejam promissoras, Young destaca que ainda estão longe de entender completamente o que os cachalotes estão dizendo uns aos outros.
“Nós realmente não temos ideia. Mas quanto melhor pudermos entender esses animais incríveis, mais saberemos sobre como podemos protegê-los.”
A colaboração entre tecnologias avançadas e observações científicas pode levar a uma melhor compreensão e proteção dos cachalotes e de outras espécies marinhas.
A pesquisa em comunicação animal, especialmente com o uso de IA, está apenas começando a desvendar os mistérios das profundezas.