Uma nova esperança surge para pacientes que sofreram graves acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e ficaram com sequelas severas, como a perda da capacidade de falar. Um recente avanço tecnológico permitiu que um homem de 36 anos, que ficou tetraplégico após um AVC, voltasse a falar em dois idiomas.
O paciente, cujo AVC afetou o tronco cerebral, sofreu paralisia completa e perdeu a capacidade de falar, podendo apenas produzir grunhidos e gemidos. Apesar de suas funções cognitivas terem permanecido intactas, ele dependia de uma interface que permitia soletrar palavras através de pequenos movimentos da cabeça para se comunicar.
A chegada de um novo implante cerebral, no entanto, mudou drasticamente sua capacidade de interação. O dispositivo inovador consiste em uma rede de 128 eletrodos fixados na superfície do hemisfério esquerdo do cérebro, área responsável pela produção da fala.
Além disso, um conector embutido no crânio permite a ligação com um computador. A atividade neural, que normalmente controlaria os músculos faciais e do trato vocal, é captada pelo implante e traduzida em palavras.
Implante cerebral em paciente tetraplégico
Durante os testes, o paciente visualizava palavras em uma tela e se concentrava em dizer essas palavras mentalmente. O sistema, inicialmente treinado com um vocabulário limitado de 51 palavras em inglês e 50 em espanhol, aprendeu a traduzir a atividade cerebral em linguagem falada. Com o tempo, o paciente conseguiu usar o sistema para se comunicar de forma eficaz, alternando sem dificuldades entre os dois idiomas.
Este implante cerebral representa um avanço significativo, especialmente considerando que o paciente se tornou bilíngue na vida adulta. Os pesquisadores acreditam que a tecnologia poderia ser ainda mais eficaz em pessoas que aprenderam um segundo idioma na infância.
O dispositivo não apenas devolveu a capacidade de fala ao paciente, mas também possibilitou a comunicação em dois idiomas, uma conquista impressionante.
A pesquisa, publicada na prestigiada revista Nature, mostra um otimismo crescente em relação às tecnologias de implantes cerebrais. A possibilidade de decifrar pensamentos e traduzi-los em palavras com precisão inédita abre portas para novas aplicações. No futuro, essas tecnologias podem ser ampliadas para incluir vocabulários mais extensos e complexos, proporcionando uma comunicação ainda mais fluida e natural para os usuários.