A Dinamarca anunciou nesta terça-feira (26) a implementação de um imposto pioneiro sobre as emissões de dióxido de carbono (CO2) provenientes do gado, com vigência a partir de 2030. Esta medida torna o país escandinavo o primeiro no mundo a adotar tal política, destacando-se na vanguarda das iniciativas globais de combate às mudanças climáticas.
A agricultura representa a maior fonte de emissões de CO2 na Dinamarca. Com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% até 2030, em relação aos níveis de 1990, especialistas sugeriram a criação deste imposto. Após meses de negociação, um acordo foi alcançado na segunda-feira (24) entre o governo, agricultores, indústria, sindicatos e grupos ambientais.
“Seremos o primeiro país do mundo a introduzir um verdadeiro imposto de CO2 na agricultura. Outros países vão se inspirar nisso”, afirmou Jeppe Bruus, ministro das Finanças dinamarquês. Embora o tributo ainda dependa da aprovação do Parlamento, espera-se que o projeto de lei passe facilmente devido ao amplo consenso em sua elaboração.
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Imposto
O acordo prevê a taxação dos agricultores em 300 coroas dinamarquesas (aproximadamente R$ 234) por tonelada de CO2 em 2030, valor que aumentará para 750 coroas (R$ 585) até 2035.
Para amenizar o impacto financeiro, os agricultores terão direito a uma dedução fiscal de Imposto de Renda de 60%, o que resultará em um custo efetivo de 120 coroas (R$ 93) por tonelada em 2030, subindo para 300 coroas (R$ 234) até 2035. Além disso, subsídios serão disponibilizados para apoiar os agricultores na adaptação de suas operações.
De acordo com cálculos do jornal Financial Times, cada agricultor dinamarquês deverá pagar cerca de € 100 (R$ 582) anualmente por cada vaca devido às emissões de gases do efeito estufa.
Essa nova medida gerou debates intensos no setor agrícola. Enquanto alguns agricultores manifestaram preocupações de que as metas climáticas poderiam reduzir a produção e levar a cortes de empregos, a maioria acredita que o acordo permitirá a continuidade de suas atividades.
A Dinamarca não está sozinha em sua tentativa de tributar as emissões agrícolas. Recentemente, a Nova Zelândia cancelou planos de introduzir um imposto semelhante após críticas ferozes dos agricultores. No entanto, a abordagem dinamarquesa busca equilibrar a sustentabilidade ambiental com a viabilidade econômica, servindo como um possível modelo para outros países.