NASA encontra sinais de vida em Vênus

  • NASA encontra sinais de vida em atividade interna no planeta Vênus
  • Nova missão VERITAS deve confirmar movimento abaixo da crosta
  • Pesquisadores detectam sinais de calor, plumas e possível vulcanismo

A NASA revelou novos indícios de que Vênus continua ativo abaixo de sua superfície. Um estudo publicado nesta terça-feira (20) sugere que plumas quentes vindas do interior do planeta ainda deformam sua crosta, indicando atividade tectônica e possível vulcanismo em curso.

A descoberta vem da reanálise de dados da missão Magellan, que orbitou Vênus entre 1990 e 1994. Utilizando radar, a sonda mapeou em alta resolução o relevo venusiano e permitiu aos cientistas identificar estruturas circulares gigantes chamadas coronae, que se formam quando o calor interno empurra a superfície para cima.

Os pesquisadores analisaram 75 formações chamadas coronae e descobriram que 52 delas exibem sinais de material quente e menos denso sob a crosta. Esse tipo de comportamento geológico não ocorre mais na Terra atual, mas pode ter sido comum antes do surgimento das placas tectônicas.

As coronae são enormes e comuns em Vênus, mas só agora conseguimos ligar sua formação a processos ativos”, explicou Gael Cascioli, pesquisador da Universidade de Maryland e da NASA. Ele afirma que a combinação de dados de gravidade e topografia revelou atividade oculta, sugerindo que o planeta pode abrigar zonas de calor em ascensão.

NASA encontra sinais de vida em Vênus

Novas pesquisas sugerem que vastas formações superficiais em Vênus, chamadas coronas, continuam sendo moldadas por processos tectônicos. As observações dessas formações da missão Magellan da NASA incluem, no sentido horário a partir do canto superior esquerdo, as coronas Artemis, Quetzalpetlatl, Bahet e Fotla. Crédito: NASA/JPL-Caltech

De acordo com o estudo, esses processos envolvem subducção, gotejamento litosférico e plumas de magma, que empurram a crosta e causam deformações visíveis na superfície. Esse padrão se repete em várias regiões e lembra mecanismos que moldaram a Terra primitiva.

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A NASA prepara uma nova missão chamada VERITAS, prevista para decolar a partir de 2031, que vai investigar essas estruturas com tecnologia avançada. A sonda vai produzir mapas 3D em altíssima resolução e usar espectrômetros para analisar a química da superfície, além de rastrear a gravidade do planeta com sensores de rádio.

Desse modo, para a pesquisadora Suzanne Smrekar, do Jet Propulsion Laboratory (JPL), VERITAS deve revolucionar o entendimento de Vênus. “Vamos alcançar detalhamento até quatro vezes maior que o da Magellan”, destacou a cientista, que lidera o projeto.

Além disso, com essas ferramentas, os cientistas esperam confirmar a presença de vulcões ativos, zonas de calor e processos tectônicos em andamento. A comparação com dados anteriores permitirá construir um panorama completo da geodinâmica venusiana.

Descoberta muda visão sobre evolução de planetas rochosos

Além de revelar que Vênus pode ser geologicamente vivo, o estudo traz implicações para a compreensão da Terra primitiva. Segundo a geofísica Anna Gülcher, da Universidade de Berna, os padrões encontrados em Vênus podem ter existido na Terra antes do surgimento da tectônica moderna.

“Essas observações abrem uma janela para o passado geológico da Terra”, disse a cientista. A similaridade entre os processos ajuda a explicar como planetas rochosos evoluem e por que alguns preservam calor interno por bilhões de anos.

Assim, a missão VERITAS, ao aprofundar essas descobertas, pode até mesmo redefinir as estratégias para buscar vida em outros mundos, considerando que calor interno e atividade geológica são elementos fundamentais para a habitabilidade.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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