Neuralink faz macaco “enxergar” sem olhos com chip cerebral

  • Chip Blindsight da Neuralink estimula o cérebro e simula visão artificial.
  • Testes ainda estão em fase inicial e com animais.
  • Empresa quer levar a tecnologia para humanos até 2025.

A Neuralink, empresa de Elon Musk, divulgou um avanço surpreendente em sua tecnologia de interface cérebro-computador. Durante a conferência Neural Interfaces, nos Estados Unidos, na última sexta-feira, a empresa revelou que um macaco conseguiu “enxergar” algo que não estava fisicamente presente usando um chip implantado no cérebro.

O dispositivo, batizado de Blindsight, estimulou diretamente áreas do cérebro associadas à visão. Nos testes, o macaco moveu os olhos corretamente em dois terços das tentativas, reagindo a estímulos que não estavam visíveis no ambiente.

Segundo Joseph O’Doherty, engenheiro da Neuralink, “o objetivo é, no futuro, ajudar pessoas cegas a enxergarem”. Além disso, Elon Musk já afirmou que planeja, a longo prazo, criar uma visão sobre-humana, capaz de incluir até visão infravermelha.

Essa foi a primeira vez que a Neuralink divulgou resultados dos testes do Blindsight, uma das iniciativas mais ousadas no campo da neurociência aplicada. O chip imita a função dos olhos, gerando estímulos diretamente no cérebro, sem precisar de globos oculares.

Os testes foram realizados com macacos por uma questão prática. O córtex visual dos macacos fica próximo à superfície do cérebro, facilitando a implantação dos sensores, explicou O’Doherty. No caso de humanos, a empresa usaria seu robô cirúrgico para atingir áreas mais profundas do cérebro.

Blindsight da Neuralink pode revolucionar a neurociência aplicada

Por enquanto, os resultados são considerados preliminares e limitados aos testes com animais. A empresa espera iniciar os testes com humanos já em 2025, de acordo com declaração de Musk.

Além do Blindsight, a Neuralink também testa implantes em pessoas paralisadas, que já conseguem se comunicar diretamente com computadores. Até agora, cinco pessoas receberam esses dispositivos: três em 2024 e duas em 2025. De acordo com a empresa, alguns pacientes já usam seus implantes por até 60 horas semanais.

Na conferência, O’Doherty apresentou também um pôster científico sobre um teste que estimulou a medula espinhal de um macaco, gerando movimento muscular. A pesquisa abre caminho para tecnologias que, no futuro, podem ajudar pessoas paralisadas a voltarem a andar.

De acordo com Musk, essas inovações fazem parte de um plano maior: “mitigar o risco da superinteligência digital”, aumentando a velocidade da comunicação humana e fundindo, aos poucos, o cérebro com sistemas de inteligência artificial.

Além disso, a Blindsight ainda inclui o desenvolvimento de óculos inteligentes, que devem funcionar em conjunto com o chip cerebral para traduzir imagens do mundo real em sinais interpretáveis pelo cérebro.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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