Nova pesquisa indica que você é tão inteligente quanto suas emoções

Por Cássio Gusson
Emoções dizem sobre o quanto você é inteligente. Foto: Dall-e

Durante séculos, a inteligência foi tradicionalmente vista como uma batalha entre a razão fria e as emoções intensas. Contudo, uma nova pesquisa desafia essa visão, sugerindo que nossa capacidade intelectual está profundamente entrelaçada com nossas emoções.

Ao contrário do pensamento clássico, que via as emoções como impulsos primitivos a serem controlados, a neurociência moderna revela que elas desempenham um papel crucial em nossas decisões e na forma como processamos informações.

O estudo, que se baseia em descobertas da neurociência, reflete a importância das emoções como guias racionais. Pesquisadores têm mostrado que as emoções ajudam o cérebro a atribuir valor às coisas, orientando nossas decisões e tornando-nos mais eficazes em nossas escolhas diárias.

Um exemplo emblemático dessa revolução no pensamento é o trabalho do neurocientista António Damásio, que, em sua obra “O Erro de Descartes”, demonstrou como pacientes com dificuldades emocionais não eram mais racionais, mas sim incapazes de tomar decisões.

Você é tão inteligente quanto suas emoções

As emoções, de acordo com especialistas, colocam o cérebro em um “modo de operação” que ajusta nossos objetivos e direciona nossa atenção para o que realmente importa. Isso é fundamental para enfrentar situações complexas, seja na vida pessoal ou profissional. Em outras palavras, nossas emoções moldam a maneira como percebemos e interagimos com o mundo ao nosso redor, influenciando diretamente nossa capacidade de raciocínio.

Essa nova perspectiva traz implicações importantes para a educação e para a forma como treinamos nossas habilidades cognitivas. As escolas, por exemplo, têm tradicionalmente valorizado a capacidade intelectual bruta, medida por exames padronizados, mas essa visão deixa de lado a “sabedoria emocional”, que é igualmente essencial para o sucesso na vida. Desenvolver a autoconsciência emocional pode ser tão importante quanto dominar habilidades técnicas.

A pesquisa também aponta que pessoas que possuem uma alta consciência emocional são melhores em tomar decisões e em navegar por situações difíceis. Isso é particularmente relevante em ambientes de alta pressão, como o mercado financeiro, onde os operadores mais eficazes são aqueles que conseguem reconhecer e gerenciar suas emoções com precisão.

Um dos métodos recomendados para melhorar essa habilidade é o modelo RULER, desenvolvido por Marc Brackett, da Universidade de Yale. Ele ensina as pessoas a reconhecer, compreender, rotular, expressar e regular suas emoções, proporcionando uma base sólida para a tomada de decisões informadas e equilibradas.

Além disso, as emoções têm um impacto direto na criatividade e na resolução de problemas. Emoções positivas, como a felicidade, podem tornar uma pessoa mais flexível e criativa, enquanto emoções negativas, como o medo, podem aumentar a atenção e a concentração em detalhes críticos.

No contexto das relações humanas e da liderança, entender as emoções próprias e alheias pode ser a chave para construir equipes mais coesas e para tomar decisões mais acertadas. A pesquisa sugere que o futuro da inteligência pode estar menos na capacidade de processamento de informações e mais na capacidade de gerenciar e entender as emoções.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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