Nova técnica permite edição de DNA melhor que Crispr e pode curar muitas doenças

Por Cássio Gusson
Nova técnica permite edição de DNA melhor que Crispr e pode curar muitas doenças. Foto: Dall-e

Uma nova técnica de edição genética, desenvolvida por pesquisadores do Arc Institute, na Califórnia, promete trazer avanços significativos no tratamento de diversas doenças. A pesquisa, publicada na renomada revista científica *Nature*, revela o mecanismo inovador chamado “recombinase de ponte”, que oferece uma precisão inédita na reorganização do DNA.

A edição genética envolve técnicas usadas para alterar o DNA de um organismo. O DNA, ou ácido desoxirribonucleico, contém as instruções para o crescimento, funcionamento e reprodução dos organismos. Entre as técnicas mais conhecidas está o CRISPR, uma espécie de “tesoura genética” que permite cortar partes específicas do DNA para alterar a produção de proteínas nas células.

Na medicina, a edição genética é usada para tratar doenças de forma personalizada. Por exemplo, genes de porcos podem ser editados para desenvolver órgãos compatíveis para transplantes em humanos. Além disso, a técnica é aplicada na agricultura para criar plantas mais resistentes a pragas, entre outras finalidades.

A recombinase de ponte é uma enzima que corta e cola pedaços de DNA, criando novas combinações de genes de maneira programável. De acordo com Patrick Hsu, autor sênior do estudo e pesquisador principal do Arc Institute, “a recombinação de ponte pode modificar totalmente o material genético por meio de inserção, excisão e inversão, sendo uma alternativa ao CRISPR”.

Edição de DNA com recombinase de ponte

O sistema utiliza um RNA programável conhecido como “RNA de ponte”, que permite especificar qualquer sequência genômica desejada e inserir qualquer molécula de DNA. Esta técnica surgiu a partir dos elementos de sequência de inserção (IS110), que se movem dentro e entre genomas. O RNA de ponte se liga tanto ao IS110 quanto ao DNA alvo, permitindo uma edição precisa e eficiente.

Nicholas Perry, coautor do estudo, compara o RNA de ponte a um “adaptador de energia universal que torna o IS110 compatível com qualquer tomada”. Isso significa que a técnica pode ser usada para inserir cargas genéticas específicas, como uma cópia funcional de um gene que cause doenças.

Os pesquisadores acreditam que a recombinase de ponte pode inaugurar uma nova era na edição genética, representando a terceira geração de ferramentas guiadas por RNA. “A capacidade de reorganizar de forma programada quaisquer duas moléculas de DNA abre portas para avanços no design do genoma”, destaca Matthew Durrant, coautor do estudo.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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