Nova vacina contra AIDS (HIV) é testada em humanos com resultados promissores

Por Cássio Gusson
Nova vacina contra AIDS é testada em humanos com resultados promissores - foto: Copilo

Desde sua identificação em 1983, o vírus HIV infectou mais de 85 milhões de pessoas e causou aproximadamente 40 milhões de mortes em todo o mundo.

Apesar dos avanços na profilaxia pré-exposição (PrEP), que reduz significativamente o risco de infecção, a necessidade de uma vacina eficaz e duradoura permanece urgente. Recentemente, um novo estudo trouxe esperança nessa área, mostrando resultados promissores em testes com humanos.

Uma equipe da Duke University desenvolveu uma vacina experimental. Essa vacina se torna, sobretudo, animadora, por ter desencadeado a produção de anticorpos amplamente neutralizantes em um pequeno grupo de participantes de um ensaio clínico iniciado em 2019. Os resultados deste estudo foram publicados na revista científica Cell, e são considerados um marco importante no campo da vacina contra o HIV.

Os anticorpos amplamente neutralizantes são capazes de reconhecer e bloquear diferentes variantes do HIV. Isso é importante porque o HIV é um vírus notoriamente difícil de combater devido, sobretudo, à sua rápida taxa de mutação. Esses anticorpos são raros e difíceis de produzir, mas são cruciais para uma vacina eficaz. A pesquisa da Duke University conseguiu induzir a produção desses anticorpos em níveis baixos, mas promissores.

Vacina contra Aids: detalhes do estudo

O ensaio clínico envolveu 20 participantes saudáveis e seronegativos para o HIV. Quinze deles receberam duas das quatro doses planejadas da vacina experimental, enquanto cinco receberam três doses. Apesar de uma reação alérgica em um participante ter interrompido o estudo, a equipe acredita que essa reação foi causada por um aditivo na vacina e planeja removê-lo em testes futuros.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Os resultados mostraram que duas doses da vacina foram suficientes para induzir baixos níveis de anticorpos amplamente neutralizantes em poucas semanas.

As células B dos participantes mostraram capacidade de continuar a evoluir e adquirir mutações, o que é essencial para acompanhar a mutação constante do HIV. Testes laboratoriais indicaram que esses anticorpos foram capazes de neutralizar entre 15% e 35% das amostras de HIV.

Jeffrey Laurence, consultor científico da Fundação para a Pesquisa da AIDS (amfAR) e professor de medicina no Weill Cornell Medical College, destacou que, embora os resultados sejam encorajadores, ainda há muitos desafios a serem superados.

“Precisamos de uma vacina que gere níveis significativamente mais elevados de anticorpos e que seja eficaz com uma única dose”, afirmou Laurence.

Barton Haynes, diretor do Duke Human Vaccine Institute e um dos autores do estudo, explicou que a próxima fase da pesquisa envolverá o desenvolvimento de uma vacina com pelo menos três componentes diferentes, cada um direcionado a uma região distinta do vírus.

“Vamos aplicar o que aprendemos para criar uma vacina ainda mais eficaz”, disse Haynes.

Compartilhe:
Siga:
Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
Sair da versão mobile