Uma pesquisa internacional liderada por cientistas do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) revelou uma surpreendente ligação entre a presença do protozoário intestinal Blastocystis e a melhora da saúde cardiometabólica, incluindo a redução da gordura corporal.
O estudo, publicado na prestigiada revista Cell, analisou dados de mais de 50.000 pessoas em todo o mundo, demonstrando que aqueles que carregam o Blastocystis no intestino apresentam sinais de melhor saúde cardiovascular e menores índices de gordura corporal. O Blastocystis, frequentemente considerado um parasita, mostrou estar associado a perfis lipídicos e de açúcar no sangue mais favoráveis.
“Os efeitos do Blastocystis na saúde e na doença são controversos e provavelmente dependentes do contexto, mas nossa pesquisa sugere que ele pode desempenhar um papel benéfico na maneira como a dieta impacta a saúde humana e as doenças”, afirmou Long H. Nguyen, MD, MS, coautor do estudo e pesquisador do MGH.
Os pesquisadores examinaram a relação entre o Blastocystis a nutrição e os desfechos de saúde cardiometabólica, incluindo obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Para isso, realizaram um estudo de larga escala integrando dados de cerca de 57.000 indivíduos de 32 países, abrangendo América do Norte e do Sul, Europa, Ásia e África.
A presença do Blastocystis foi investigada para determinar se ela alterava os efeitos de diferentes alimentos na saúde cardiometabólica dos participantes.
Blastocystis a redução de gordura corporal
A pesquisa encontrou que a presença e a abundância do Blastocystis variavam conforme a região e eram influenciadas pela dieta. Dietas ricas em alimentos vegetais minimamente processados e saudáveis estavam associadas a maiores níveis do protozoário.
Além disso, o Blastocystis raramente foi encontrado em recém-nascidos, sugerindo que ele é adquirido mais tarde na vida. Evidências históricas mostram a presença do protozoário em amostras de fezes datadas de 595 d.C., indicando que ele não é apenas um marcador de uma configuração moderna do microbioma.
Os participantes com maiores níveis de Blastocystis mostraram melhores marcadores de saúde cardiometabólica a curto prazo, como perfis lipídicos e de açúcar no sangue mais favoráveis. Esses resultados sugerem que o protozoário pode ter um impacto positivo na saúde, além dos efeitos de uma dieta saudável. Além disso, níveis mais baixos de Blastocystis foram associados a desfechos a longo prazo, como obesidade.
Em um estudo de intervenção dietética de seis meses, melhorias na qualidade da dieta estavam ligadas a um aumento subsequente na prevalência e abundância do Blastocystis.
“Nossos achados sugerem um papel potencialmente benéfico do Blastocystis, que pode ajudar a explicar as respostas individualizadas à dieta e as diferenças na saúde digestiva dependendo da presença e do nível do Blastocystis”, concluiu Nguyen.