Cientistas criam células imortais pela primeira vez

Por Cássio Gusson
Imagem: Dall-e

Cientistas atingiram um marco histórico ao imortalizar células dos lábios pela primeira vez. A conquista permite a criação de modelos clínicos no laboratório, o que possibilita testar novos tratamentos para lesões e infecções labiais.

Com funções vitais que incluem fala, alimentação e expressão emocional, os lábios apresentam uma estrutura complexa e, até então, não existiam modelos específicos para estudar suas células, que funcionam de forma única em relação a outras células da pele.

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A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, revela como cientistas conseguiram imortalizar células labiais doadas, criando um modelo que pode beneficiar milhares de pacientes no futuro. O Dr. Martin Degen, da Universidade de Berna, explica a importância dessa conquista:

“O lábio é uma característica facial muito visível, e qualquer defeito pode ser extremamente desfigurante. Faltavam modelos de células humanas dos lábios para o desenvolvimento de tratamentos específicos, mas, com essa colaboração, conseguimos mudar essa realidade.”

Cientistas e células labiais

Para essa imortalização, os cientistas usaram células de dois pacientes: um com lesão labial e outro com fissura labiopalatal. O processo envolveu a desativação de genes específicos que controlam o ciclo de vida celular e o ajuste do comprimento dos telômeros — estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos e são cruciais para a longevidade celular. Isso permitiu que as células continuassem a se reproduzir indefinidamente, superando o limite natural de vida.

Essas células imortalizadas passaram por rigorosos testes para garantir sua estabilidade genética e ausência de características cancerígenas. Em testes de laboratório, os cientistas verificaram que as células mantinham o comportamento similar às células originais.

As novas linhas celulares, ao serem expostas a fatores de crescimento, mostraram uma capacidade aprimorada de cicatrização, o que evidencia seu potencial como modelo para estudos de lesões labiais.

Além disso, os cientistas avançaram para criar modelos tridimensionais usando essas células e, posteriormente, infectaram esses modelos com Candida albicans, um fungo que pode causar infecções sérias, especialmente em pessoas com fissuras labiais ou sistema imunológico debilitado. As células responderam como esperado, replicando a invasão do patógeno no tecido labial real, o que valida o modelo para pesquisas futuras.

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Para o Dr. Degen, essa conquista não apenas avança o entendimento genético e celular das fissuras labiais, mas também abre possibilidades para diversas áreas da medicina. A habilidade de distinguir entre diferentes tipos de queratinócitos labiais — sejam de pele labial, mucosa ou mistos — torna esse modelo ainda mais aplicável.

Essa inovação permitirá uma análise personalizada conforme as necessidades de cada pesquisa, o que representa um grande passo em tratamentos para problemas labiais.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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