- Implante recria conexão entre cérebro e coluna em paciente com paralisia
- Cirurgia leva apenas quatro horas e é minimamente invasiva
- Paciente andou cinco metros em duas semanas
A medicina na China deu um salto histórico nesta semana. Um paciente com paralisia voltou a andar apenas 24 horas após receber um implante cerebral inovador. A cirurgia ocorreu no Hospital Zhongshan, em Xangai, e usou um sistema criado pelo time de Jia Fumin, da Universidade de Fudan.
A nova tecnologia restabelece a comunicação entre o cérebro e a medula espinhal, mesmo após lesões graves. O sistema decodifica sinais cerebrais e envia pulsos elétricos diretamente para os nervos da coluna, contornando a área lesionada sem o uso de aparelhos externos.
Lin, um homem na casa dos 30 anos, perdeu os movimentos das pernas há dois anos. Em janeiro de 2025, ele se voluntariou para a cirurgia. A equipe implantou dois eletrodos de 1 mm no cérebro e um chip na coluna.
No primeiro dia, Lin conseguiu mover as pernas apenas com a força do pensamento. Em três dias, ele repetia os movimentos com precisão. Duas semanas depois, já caminhava cinco metros com apoio. “Eu chorava todos os dias, mas agora consigo andar. Serei eternamente grato à equipe médica”, disse Lin emocionado.
Outros dois pacientes também voltaram a mover as pernas menos de 24 horas após a cirurgia. Ambos levantaram voluntariamente as pernas no dia seguinte à operação, um feito considerado impossível até pouco tempo.
Implante cerebral faz homem com paralisia andar

Em 2023, pesquisadores suíços divulgaram técnica parecida, mas com craniotomias amplas e cirurgias prolongadas, o que elevava os riscos. O time chinês reduziu a operação a apenas quatro horas, com acesso ultra-minimamente invasivo, e concentrou tudo em uma única sessão.
Além disso, os chineses já notaram regeneração nervosa precoce, um fenômeno que os suíços só observaram seis meses depois. “É como se os nervos adormecidos despertassem quando a conexão foi restaurada”, afirmou Dra. Ding Jing, do Hospital Zhongshan.
Apesar do sucesso, a tecnologia enfrenta obstáculos para ser aplicada em larga escala. A escassez de eletrodos implantáveis e a dificuldade de interpretar sinais motores variados ainda desafiam os cientistas. “Decodificar os sinais em tempo real é nosso maior desafio”, explicou Jia.
Além disso, o tratamento exige reabilitação intensa, de até sete horas por dia. Por isso, só está disponível para adultos em boas condições físicas.
Mesmo assim, o projeto avança. A equipe já trabalha no desenvolvimento de versões portáteis para casos leves e em sistemas de monitoramento de movimento. O objetivo é ampliar o acesso à inovação e iniciar testes regulatórios em breve.
Com 3,74 milhões de pessoas com lesões na medula na China e 90 mil novos casos a cada ano, a esperança voltou a caminhar — literalmente.