- Cientistas testam transplante de células-tronco para restaurar fertilidade.
- Homem recebe primeira tentativa humana de esperma por transplante.
- Técnica pode ajudar sobreviventes do câncer a terem filhos.
Um grupo de cientistas deu um passo inédito no tratamento da infertilidade masculina. Pela primeira vez, médicos transplantaram células-tronco formadoras de esperma em um paciente humano.
O paciente, um homem nos seus 20 anos, preservou essas células ainda na infância, antes de passar por quimioterapia contra um câncer nos ossos. Agora, ele se torna o primeiro a receber esse tipo de transplante reprodutivo.
Segundo os pesquisadores, essa técnica pode ajudar homens com azoospermia — condição em que o sêmen não possui espermatozoides. Estima-se que 645 mil homens nos EUA sofram com esse problema.
O procedimento usa células-tronco espermatogoniais, que ficam nos testículos e normalmente amadurecem durante a puberdade. Essas células foram coletadas com uma agulha guiada por ultrassom e congeladas para uso futuro.
Anos depois, os médicos reintroduziram as células-tronco no testículo, na esperança de que elas se fixem nos túbulos seminíferos e comecem a produzir esperma de forma natural.
A técnica já havia funcionado com ratos e macacos, que conseguiram se reproduzir após o transplante. Mas este é o primeiro caso documentado em humanos, segundo artigo publicado no site científico medRxiv em 26 de março.
Até agora, os exames não detectaram espermatozoides no sêmen do paciente. No entanto, os médicos afirmam que isso pode estar ligado à pequena quantidade de células coletadas na infância, para evitar danos ao tecido testicular.
Ainda assim, os testes mostraram que o tecido do paciente permanece saudável e seus níveis hormonais estão normais, o que indica que o procedimento não causou danos.

Infertilidade tratamento
Se a produção de esperma continuar ausente, os médicos poderão tentar recuperar espermatozoides diretamente do tecido com cirurgia. Também existe uma alternativa chamada STAR System, desenvolvida na Universidade de Columbia.
Esse sistema usa inteligência artificial, robótica e microfluídica para localizar e extrair espermas raros do sêmen, aumentando as chances de fertilização sem intervenção invasiva.
Para a médica Laura Gemmel, especialista em endocrinologia reprodutiva, basta um único espermatozoide para gerar um embrião. Ela acredita que esse avanço pode beneficiar meninos com câncer que queiram ser pais no futuro.
Apesar do otimismo, os cientistas alertam para riscos. Entre eles, a possibilidade de algumas células conterem mutações cancerígenas e até a reação do sistema imunológico às células reimplantadas.
Assim, há também preocupações éticas sobre a coleta de células de crianças, especialmente sobre o consentimento e o destino dessas amostras ao longo dos anos.
Além disso, mesmo com os desafios, os especialistas consideram a técnica promissora para restaurar a fertilidade masculina, especialmente em pacientes que perderam a capacidade de produzir esperma por causa de doenças ou tratamentos agressivos.
Desse modo, como alertou o urologista Dr. Justin Houman, “é uma ciência promissora — mas ainda está nos primeiros passos.”