Pesquisadores da Rutgers Health descobriram que partículas de microplásticos podem ser encontradas nos órgãos de bebês logo ao nascer, após a exposição no útero. Essa descoberta alarmante foi publicada na revista científica Science of the Total Environment e levanta sérias preocupações sobre os impactos desses poluentes na saúde humana, especialmente em recém-nascidos.
O estudo analisou o impacto da poluição plástica, que se tornou onipresente no meio ambiente, atingindo até os menores organismos. Os microplásticos e nanoplásticos (MNPs), partículas minúsculas liberadas pela degradação de produtos plásticos, podem ser inaladas, ingeridas e absorvidas pelo corpo humano. Uma das descobertas mais preocupantes é que essas partículas conseguem atravessar a barreira placentária, atingindo os tecidos fetais durante a gestação.
Para investigar a permanência dessas partículas no corpo após o nascimento, os cientistas expuseram roedores grávidos a pó plástico aerossolizado por 10 dias. Após duas semanas do nascimento dos filhotes, os pesquisadores encontraram microplásticos nos pulmões, fígado, rins, coração e até no tecido cerebral dos recém-nascidos. Essas partículas foram as mesmas inaladas pelas mães durante a gestação.
Segundo Phoebe A. Stapleton, professora associada de farmacologia e toxicologia e autora sênior do estudo, as descobertas são alarmantes. “Ninguém quer plástico no fígado”, declarou Stapleton, enfatizando que a presença dessas partículas em órgãos vitais pode ter sérias implicações para a saúde.
Microplásticos: Um risco invisível
A poluição por microplásticos já foi detectada em alimentos, terras agrícolas, água do mar e até nas montanhas mais altas do mundo. Esses poluentes invisíveis representam riscos crescentes para a saúde humana. Estudos apontam que a exposição prolongada aos microplásticos está associada a problemas graves, como câncer, inflamação, disfunção imunológica, degeneração tecidual e doenças cardiovasculares.
O estudo da Rutgers Health reforça a necessidade de investigações mais aprofundadas sobre os efeitos desses poluentes no desenvolvimento humano. Os microplásticos não apenas afetam o ambiente, mas também podem ter um impacto duradouro na saúde desde os primeiros dias de vida.
Urgência por mais pesquisas e ações políticas
As descobertas de Stapleton chamam a atenção para a importância de se intensificar as pesquisas sobre os microplásticos e seu impacto na saúde pública. “Sem respostas, não podemos ter mudanças políticas”, disse ela, enfatizando que as políticas públicas precisam evoluir para regular o uso de plásticos menos tóxicos. Embora os plásticos sejam indispensáveis para a vida moderna, o desconhecimento sobre seus impactos de longo prazo ainda é preocupante.
À medida que mais estudos revelam os riscos dos microplásticos para a saúde humana, espera-se que os formuladores de políticas adotem medidas para proteger a saúde pública e minimizar a exposição a esses poluentes.