Usar cannabis aumenta risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço em mais de 5 vezes, aponta novo estudo

Por Cássio Gusson
Fumar cannabis aumenta propensão a desenvolver câncer. Foto: Dall-e

Um novo estudo realizado pelo USC Head and Neck Center, parte da Keck Medicine of USC e do Departamento de Otorrinolaringologia da Universidade do Sul da Califórnia (USC), revela que o uso frequente de cannabis pode aumentar significativamente o risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço.

Segundo a pesquisa, pessoas diagnosticadas com transtorno de uso de cannabis têm até cinco vezes mais chances de desenvolver esse tipo de câncer do que aquelas que não fazem uso da substância.

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O estudo, publicado na *JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery*, é um dos maiores até hoje a estabelecer uma conexão entre o uso de cannabis e o câncer de cabeça e pescoço. Niels Kokot, MD, cirurgião de cabeça e pescoço e principal autor da pesquisa, destacou a importância dessa descoberta: “Identificar esse fator de risco é crucial, pois o câncer de cabeça e pescoço pode ser evitável, desde que as pessoas saibam quais comportamentos aumentam o risco”.

A pesquisa analisou dados de mais de 90 milhões de indivíduos, compilados ao longo de 20 anos em uma rede de 64 organizações de saúde. Entre os participantes com transtorno de uso de cannabis, os pesquisadores descobriram uma maior prevalência de todos os tipos de câncer de cabeça e pescoço, incluindo câncer na boca, faringe, laringe e glândulas salivares.

O aumento do risco foi constatado de forma independente, sem relação com outros fatores como idade, gênero ou etnia, além do uso de álcool e tabaco, que tradicionalmente são associados a esses tipos de câncer.

Cannabis aumenta risco de câncer de cabeça e pescoço

Os pesquisadores acreditam que o principal fator que explica o aumento do risco de câncer é a forma como a cannabis é consumida. Embora o estudo não tenha diferenciado os métodos de consumo, é sabido que a maioria dos usuários inala a substância, e a fumaça resultante pode causar danos graves às vias respiratórias.

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De acordo com Kokot, “o fumo da cannabis geralmente é inalado mais profundamente e sem filtro, além de queimar a uma temperatura mais alta que o tabaco, o que aumenta o risco de inflamações cancerígenas”.

Essa teoria é corroborada por estudos anteriores que demonstram que a fumaça do tabaco contém substâncias químicas que causam danos ao DNA e inflamações que podem levar ao câncer. Acredita-se que a fumaça da cannabis tenha efeitos similares ou até mais prejudiciais devido às características de consumo.

Kokot ressalta a necessidade de mais estudos sobre a relação entre o uso de cannabis e o câncer de cabeça e pescoço. Apesar disso, ele espera que esses resultados ajudem a aumentar a conscientização sobre os riscos do uso prolongado de cannabis e incentivem escolhas mais informadas por parte dos usuários.

Com o crescente consumo de cannabis em diversas partes do mundo, especialmente em regiões onde o uso recreativo foi legalizado, esse estudo traz um alerta importante sobre as possíveis consequências para a saúde. Além disso, o impacto da pesquisa pode influenciar futuras campanhas de saúde pública, visando a prevenção do câncer de cabeça e pescoço entre os usuários de cannabis.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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