- Alerta importante. Apenas 1 em 10 óculos de sol protege bem.
- Proteção falha. Maioria dos óculos não bloqueia UV adequadamente.
- Cuidado. Óculos inseguros podem aumentar risco de danos oculares.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) revelou que apenas um entre doze modelos de óculos de sol testados oferece proteção adequada contra radiação UV.
A pesquisa, publicada na revista Research on Biomedical Engineering, alerta que a maioria dos produtos analisados não atende aos padrões de segurança internacionalmente reconhecidos.
A exposição prolongada à radiação UV está associada a diversas doenças oculares, como catarata e fotoqueratite, uma inflamação da córnea. Os óculos de sol deveriam atuar como barreira protetora, mas os pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP) descobriram que a maioria das lentes analisadas falha nesse papel essencial.
Os cientistas avaliaram 12 modelos diferentes e identificaram que apenas um deles bloqueou completamente a radiação UV após 2.500 horas de exposição simulada ao sol. Os demais apresentaram queda na proteção ao longo do tempo, aumentando o risco de danos à visão.
Os pesquisadores não divulgaram as marcas dos óculos analisados, mas destacaram que muitas lentes não atendem aos limites estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP). Essa regulamentação define que os filtros solares devem proteger contra radiação de 280 a 400 nanômetros (nm), abrangendo as faixas UVC, UVB e UVA.

Proteção deficiente de óculos de sol
Outro fator preocupante é que lentes inadequadas podem aumentar a exposição aos raios UV, pois criam um ambiente escuro e ampliam o campo de visão. Isso faz com que os olhos fiquem mais vulneráveis, mesmo sem dilatar a pupila significativamente.
O pesquisador Mauro Masili, primeiro autor do estudo, explica que os óculos de sol devem garantir pelo menos 86% de proteção UVA. No entanto, grande parte dos produtos no mercado fica abaixo desse índice.
Atualmente, o Brasil não exige certificação obrigatória para óculos de sol. Embora padrões existam, não há regulamentação que obrigue as marcas a segui-los. Em 2013, uma revisão nas normas nacionais ampliou a proteção para 280-400 nm, mas em 2015 o país adotou um padrão menos rigoroso.
Desde então, pesquisadores como Liliane Ventura, coordenadora do estudo, vêm desenvolvendo tecnologias para melhorar a segurança dos produtos. A equipe está patenteando dispositivos que avaliam a proteção contra UV nos óculos de sol e criam selos de segurança para ajudar os consumidores.
Para garantir proteção eficaz, especialistas recomendam verificar se os óculos possuem certificação contra radiação UVA e UVB até 400 nm. Além disso, é essencial comprar de marcas confiáveis e evitar produtos de origem duvidosa.
O estudo deixa um alerta importante: usar óculos de sol sem proteção adequada pode ser pior do que não usá-los, pois dá a falsa sensação de segurança.