Um estudo recente sugere que o Toxoplasma gondii, um parasita cerebral comum, pode ser aproveitado para transportar medicamentos diretamente ao cérebro, superando a barreira hematoencefálica.
O Toxoplasma gondii, que tem como hospedeiro primário os gatos, pode infectar diversos animais, incluindo humanos. Transmitido por meio de carne, solo ou fezes contaminadas, o parasita se espalha pelo corpo e atinge o cérebro. Lá, ele libera proteínas que afetam o comportamento do hospedeiro, como tornar camundongos menos temerosos de gatos, facilitando sua predação.
A barreira hematoencefálica protege o cérebro de substâncias nocivas, mas também impede que muitos medicamentos alcancem o órgão. No entanto, o T. gondii naturalmente ultrapassa essa barreira. Pesquisadores então modificaram o parasita para produzir a proteína MeCP2, uma potencial terapia para a síndrome de Rett, uma doença neurológica genética.
Experimentos com camundongos e minicérebros cultivados em laboratório mostraram que o T. gondii modificado conseguiu entregar MeCP2 ao cérebro, cruzando a barreira hematoencefálica com sucesso. Este método pode simplificar o tratamento de distúrbios neurológicos, como Alzheimer e Parkinson, comparado a outras técnicas, como nanopartículas magnéticas e ultrassom.
Verme para curar doenças
Apesar dos resultados promissores, o T. gondii ainda pode causar danos cerebrais. O próximo objetivo dos pesquisadores é garantir que o parasita morra após entregar os medicamentos, minimizando riscos para os pacientes.
O estudo foi publicado na revista Nature Microbiology, e os autores discutem suas descobertas em um vídeo disponível online. Esta pesquisa pode abrir novas possibilidades para o tratamento de doenças neurológicas, utilizando parasitas para entregar terapias diretamente ao cérebro.