O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirma a opinião de economistas sobre a falta de necessidade de uma moeda digital do BRICS. Durante a UK Brazil Conference, Campos Neto destacou a eficiência dos sistemas de pagamento instantâneos, que já oferecem alternativas viáveis ao dólar em transações globais.
Campos Neto mencionou que a criação de uma moeda digital pelo bloco BRICS ou pela América Latina não traria benefícios expressivos. Ele argumentou que, com o avanço de tecnologias financeiras, como o Pix, cada país pode manter a soberania de sua moeda sem precisar criar um ativo comum. Em sua visão, um sistema de “Pix global” atenderia melhor as demandas de pagamento transfronteiriço.
Países do BRICS debatem a necessidade de alternativas ao dólar
Os países do BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, têm debatido a criação de uma moeda comum para reduzir a dependência do dólar. A proposta, apresentada pela primeira vez por Vladimir Putin, presidente da Rússia, durante a cúpula de 2022, visa fortalecer a estabilidade econômica entre as nações do bloco.
Na edição mais recente da cúpula, realizada também na Rússia, a criação da moeda voltou a ser discutida como uma alternativa ao sistema financeiro liderado pelos Estados Unidos.
Entre os membros do BRICS, a Rússia possui o maior interesse na criação de uma moeda comum. A ideia surge como resposta às sanções econômicas impostas por Estados Unidos e União Europeia, que aumentaram com o início do conflito na Ucrânia. Além disso, a Rússia busca uma alternativa ao sistema SWIFT, uma rede que conecta mais de 11.000 instituições em 200 países, essencial para transações em dólar.
BRICS Pay Surge como alternativa ao sistema SWIFT
Enquanto a criação de uma moeda digital permanece incerta, o sistema de pagamento BRICS Pay, baseado em tecnologia blockchain, ganha força. O BRICS Pay permite que as transações comerciais entre países do bloco ocorram usando moedas soberanas, evitando conversões para o dólar. O sistema está em fase de testes e oferece uma plataforma de liquidação de grandes volumes, visando atender a necessidade de pagamentos rápidos e seguros.
Além de transações comerciais, o BRICS Pay avança com uma versão para consumidores. Em outubro, Moscou sediou testes beta abertos ao público, permitindo que usuários de varejo utilizassem moedas locais para pagamentos cotidianos. O projeto visa conectar as economias dos países membros sem a criação de uma moeda única.
Os países do BRICS aumentam suas reservas de ouro como forma de proteger suas economias. Desde 2003, a China, com 2.245,3 toneladas, e a Rússia, com 2.329,6 toneladas, figuram entre os maiores detentores de ouro do mundo, fortalecendo suas posições para reduzir a vulnerabilidade ao dólar e ao mercado de títulos do Tesouro dos EUA.