Os morcegos, conhecidos por sua habilidade de navegação noturna e ecolocalização, estão mostrando um lado ainda mais fascinante e complexo. Pesquisas recentes revelaram que esses mamíferos voadores possuem uma vida social rica e intricada, criando e mantendo amizades que podem durar décadas.
Esses achados, conduzidos por cientistas da Universidade de Chester, na Inglaterra, estão desafiando nossas percepções sobre a inteligência social dos morcegos.
Os estudos da Universidade de Chester, que monitoram dez locais de descanso de morcegos no norte do País de Gales, estão lançando luz sobre as complexas interações sociais desses animais.
Utilizando dispositivos de rastreamento ultraleves e com baterias autoalimentáveis, os pesquisadores estão observando de perto os movimentos e comportamentos dos morcegos. Este projeto está revelando que os morcegos não só formam amizades, mas também as mantêm ativamente ao longo do tempo.
“Desde 2020, sabemos que os morcegos mantêm suas amizades de forma ativa, com comportamentos semelhantes aos humanos”, afirma o pesquisador líder do estudo.
As amizades entre morcegos começam com pequenos gestos de confiança, como o hábito de limpar o pelo uns dos outros. Este comportamento inicial, semelhante a um “flertar” animal, é essencial para estabelecer laços duradouros.
Morcegos tem amizades que podem durar décadas
Uma das descobertas mais impressionantes é o comportamento altruísta de compartilhamento de alimentos. Alguns morcegos regurgitam o sangue de suas presas para dividir com seus amigos, criando redes de reciprocidade que garantem a sobrevivência do grupo. Este comportamento não apenas fortalece os laços sociais, mas também assegura que todos tenham acesso aos nutrientes necessários, especialmente em tempos de escassez.
Estas descobertas estão ajudando os biólogos a entender melhor como as amizades e as relações de confiança podem ter evoluído. A hipótese de que as relações de confiança começam com um período de teste e evoluem para redes de altruísmo e ajuda mútua, sustentada por décadas de observação, encontra agora suporte empírico nas interações dos morcegos. Este padrão de comportamento sugere que a socialização e o altruísmo não são exclusivos dos humanos, mas presentes em outras espécies de mamíferos.
Para conduzir esta pesquisa, os cientistas da Universidade de Chester desenvolveram dispositivos de rastreamento inovadores, já que os rastreadores de GPS tradicionais são muito pesados para os morcegos. Com esses novos dispositivos, é possível acompanhar os movimentos e as interações dos morcegos em tempo real, proporcionando insights valiosos sobre suas vidas sociais.
- Leia também: Cientistas descobrem novo tratamento para diabete