Ficar pulando de vídeos curtos pode aumentar o tédio e até prejudicar a saúde mental, diz estudo

Por Luciano Rodrigues
Ficar pulando de vídeos curtos pode aumentar o tédio e até prejudicar a saúde mental, diz estudo - Imagem: Dall-E

O hábito comum de rolar incessantemente pelo feed do celular, assistindo a uma série de vídeos curtos para se livrar do tédio, pode, na verdade, estar causando o efeito contrário.

Um estudo recente da American Psychological Association revelou que essa prática, conhecida como “digital switching”, tende a deixar os usuários ainda mais entediados, devido à falta de concentração e envolvimento com o conteúdo.

A pesquisa sugere que, ao pular de um vídeo para o outro sem realmente se concentrar no que está sendo assistido, a mente não se envolve o suficiente, o que impede que a atenção seja retida.

Como resultado, o espectador não se sente satisfeito, e o tédio acaba prevalecendo.

Essa falta de concentração em conteúdos rápidos e superficiais está diretamente relacionada ao aumento da sensação de tédio, pois o envolvimento com o material apresentado é mínimo.

O estudo também destaca a relação entre o tédio e a atenção dedicada a uma atividade.

Pessoas que se esforçam para assistir a vídeos mais longos, mesmo que inicialmente relutantes, tendem a se sentir mais “ocupadas” e, portanto, menos entediadas.

Isso sugere que o consumo de conteúdo mais extenso e envolvente pode ajudar a reduzir a sensação de tédio.

Implicações na saúde mental e mudanças nas plataformas

Os efeitos a longo prazo dessa prática de “digital switching” são preocupantes, uma vez que o tédio constante pode levar a problemas mais sérios, como ansiedade e depressão.

Esses resultados são especialmente relevantes em uma época em que o tempo de atenção dos seres humanos está diminuindo drasticamente.

Em 2002, a média de atenção era de 150 segundos; já em 2024, essa média caiu para apenas 47 segundos.

Para a Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), esse tempo de atenção chega a alarmantes 8 segundos, o que coincide com o aumento nos índices de ansiedade nessa faixa etária.

As plataformas de conteúdo estão começando a responder a essas descobertas, com o TikTok, por exemplo, aumentando a duração máxima dos vídeos para 10 minutos, e o X (antigo Twitter) apostando em vídeos mais longos para manter os usuários engajados por mais tempo.

Essas mudanças das redes sociais refletem, na verdade, tentativas de manter o usuário engajado mais tempo dentro da plataforma, mas, podem também ajudar a reduzir o impacto negativo do tédio na saúde mental.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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