Quase 40 mil idosos morreram sozinhos no Japão em 2024, expondo crise de envelhecimento e solidão

Por Luciano Rodrigues
Quase 40 mil idosos morreram sozinhos no Japão em 2024, expondo crise de envelhecimento e solidão - Imagem: Dall-E

Na primeira metade de 2024, quase 40 mil pessoas morreram sozinhas em suas casas no Japão, um fenômeno alarmante que reflete o rápido envelhecimento da população no país.

Desse total, cerca de 10% dos corpos só foram descobertos mais de um mês após a morte, evidenciando a solidão extrema enfrentada por muitos idosos japoneses.

A maioria dos falecidos tinha 85 anos ou mais, um grupo que representa uma parcela significativa da população do país.

O Japão, que já possui a população mais idosa do mundo, enfrenta uma combinação preocupante de baixas taxas de natalidade e um número crescente de mortes que supera os nascimentos.

Com quase um terço da população composta por idosos, muitos desses indivíduos vivem sozinhos e sem o apoio de familiares, permanecendo isolados até o fim de suas vidas.

A expectativa de vida no Japão é uma das mais altas do mundo, mas essa longevidade, combinada com a falta de uma rede de apoio familiar, resultou em uma crise de solidão sem precedentes.

Essa situação levou ao surgimento de uma nova indústria no Japão: a limpeza de casas após a morte de pessoas que vivem sozinhas.

Essas empresas, que agora movimentam mais de US$ 4 bilhões por ano, são especializadas em lidar com os ambientes onde essas mortes solitárias ocorreram, limpando e desinfetando as propriedades após a remoção dos corpos.

Governo japonês tenta reverter crise com investimentos em famílias

A crise demográfica no Japão está projetada para piorar.

Estima-se que, até 2050, mais de 10 milhões de idosos viverão sozinhos no país, e o número de lares compostos por apenas uma pessoa deve chegar a 23 milhões.

O primeiro-ministro japonês já alertou que o problema é tão grave que o país corre o risco de não conseguir funcionar adequadamente como uma sociedade, devido à redução drástica da população economicamente ativa.

Em resposta à crise, o governo japonês liberou US$ 25 bilhões em um esforço para apoiar famílias e incentivar os jovens a terem filhos, visando aumentar a taxa de natalidade.

No entanto, até o momento, esses esforços não produziram os resultados esperados, e o desafio de reverter a crise demográfica e social do Japão permanece enorme.

A situação no Japão serve como um alerta para outras nações que enfrentam problemas similares de envelhecimento populacional, mostrando a necessidade urgente de políticas eficazes para lidar com as mudanças demográficas e seus impactos sociais.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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