Brasileiro passa mais tempo nas telas do que dormindo

Imagem: Dall-E
  • Brasileiro fica 9h32 por dia conectado à internet em telas
  • Uso de telas supera o tempo médio de sono no país
  • Redes sociais e IA ampliam desafios da vida digital

O brasileiro está entre os povos mais conectados do mundo. De acordo com Sthefano Scalon Cruvinel, CEO da EvidJuri, o país alcançou a marca impressionante de 9 horas e 32 minutos diários de uso de telas. O dado faz parte do relatório Digital 2024, produzido pelo Data Reportal, e revela que a população já passa mais tempo no digital do que dormindo.

Esse número supera o tempo médio de sono recomendado, que fica entre sete e oito horas. Assim, o Brasil ocupa o segundo lugar no ranking global, ficando atrás apenas da África do Sul, que registra 9 horas e 38 minutos por dia.

O estudo mostra que 57% do tempo em que o brasileiro está acordado é gasto na internet. O país aparece na frente de potências como Estados Unidos (6h59), Índia (6h23) e China (5h25). E o contraste fica ainda mais evidente quando olhamos para o Japão, onde a média é de apenas 3 horas e 45 minutos diários.

Esse cenário prova que não existe relação direta entre desenvolvimento tecnológico e tempo de tela. Na prática, o excesso parece estar muito mais ligado a fatores culturais, sociais e comportamentais do que à infraestrutura digital.

Imagem: Divulgação

Redes sociais e streaming dominam a atenção das telas

O relatório também aponta que, além de navegar, o brasileiro é um usuário voraz de redes sociais. Cada pessoa acessa em média 8,4 plataformas diferentes por mês, ficando logo atrás da Índia, com 8,7.

Entre os aplicativos mais utilizados estão WhatsApp, Instagram e Facebook, que lideram com folga. Além disso, 64% dos brasileiros que usam smartphones possuem pelo menos uma assinatura de streaming. Só nas redes sociais, o brasileiro passa cerca de 4 horas diárias, o que representa quase metade do tempo total online.

Para Sthefano Scalon, a situação tende a ficar ainda mais desafiadora nos próximos anos. A popularização da inteligência artificial e a produção de conteúdos altamente personalizados devem tornar ainda mais difícil desconectar-se das telas.

Plataformas digitais estão investindo pesado em algoritmos que prendem a atenção, o que pode gerar impactos ainda maiores na saúde mental, produtividade e vida social.

Regulação e educação digital já são urgentes

Diante desse quadro, medidas regulatórias começam a surgir no Brasil. A Lei nº 15.100/2025, por exemplo, já restringe o uso de celulares e dispositivos portáteis em escolas da educação básica. O objetivo é preservar o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, além de proteger o tempo dedicado ao aprendizado.

Por outro lado, especialistas defendem que não basta regular. É preciso incluir educação digital nas escolas, promover campanhas de bem-estar tecnológico e criar políticas públicas que ajudem a sociedade a usar a tecnologia de forma consciente e equilibrada.

Desafio da década: equilibrar vida digital e bem-estar

O alerta é claro. O Brasil vive um dos maiores desafios da era moderna: conciliar um mundo cada vez mais digital com saúde, produtividade e qualidade de vida. Segundo Sthefano, essa será uma tarefa urgente e inevitável para as próximas gerações.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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