Cientistas chineses anunciaram um avanço tecnológico significativo ao desenvolver uma nova arquitetura de computação inspirada no cérebro humano. A inovação promete reduzir o consumo de recursos computacionais, o que pode impulsionar a criação da tão esperada inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês).
O estudo foi publicado recentemente na revista Nature Computational Science, e destaca como esse novo modelo pode superar as limitações das redes neurais convencionais, aproximando-se da capacidade de raciocínio humano.
Atualmente, os modelos mais avançados de inteligência artificial, como o ChatGPT, dependem de redes neurais, que são sistemas de aprendizado de máquina formados por camadas de algoritmos que imitam o funcionamento do cérebro humano.
Apesar de sua eficiência em processar grandes volumes de dados, esses modelos ainda são limitados, pois não conseguem raciocinar fora do escopo dos dados em que foram treinados. Por outro lado, a AGI é considerada um sistema hipotético que teria a capacidade de aprender, contextualizar e realizar qualquer tarefa intelectual que um ser humano pode fazer.
O problema é que, para alcançar sistemas de IA mais avançados, cientistas têm apostado na ampliação das redes neurais, tornando-as maiores e mais complexas. No entanto, isso também eleva consideravelmente o consumo de energia e demanda mais recursos computacionais, o que se torna impraticável em larga escala.
Computador que usa arquitetura inspirada no cérebro humano
Em uma abordagem inovadora, os pesquisadores chineses propõem um novo modelo computacional focado na “complexidade interna” dos neurônios artificiais, inspirado na rica estrutura interna dos neurônios humanos. O cérebro humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios e trilhões de conexões sinápticas, mas consome apenas 20 watts de energia. Usando esse princípio, os cientistas construíram uma rede baseada no modelo Hodgkin-Huxley, capaz de replicar os processos cognitivos humanos com maior precisão.
Esse modelo mostrou-se capaz de realizar tarefas complexas de maneira eficiente, demonstrando que uma rede neural menor, porém mais sofisticada internamente, pode competir em desempenho com as maiores redes neurais artificiais existentes hoje.
Embora a AGI ainda seja um objetivo distante, os pesquisadores estão otimistas. Esse novo caminho baseado na complexidade interna dos neurônios artificiais poderia ser a chave para criar sistemas de IA mais poderosos e energeticamente eficientes.
Segundo os especialistas, esse avanço pode ser um passo crucial para finalmente construir uma IA que não apenas imite o comportamento humano, mas também raciocine, aprenda e se adapte como um ser humano.