Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem sido palco de diversas estratégias silenciosas adotadas tanto por funcionários quanto por empregadores. Se por um lado ouvimos falar de termos como Quiet Quitting e Quiet Ambition, que referem-se a comportamentos dos trabalhadores, por outro, surge um fenômeno alarmante: o Quiet Cutting.
A tradução literal do termo seria “corte silencioso” ou “dispensa silenciosa”. Trata-se de uma prática adotada por algumas empresas para forçar os funcionários a pedirem demissão, economizando recursos que seriam gastos em processos de demissão formal. Em países onde a baixa taxa de demissões é vista como um indicativo de boas práticas empresariais, essa estratégia pode ajudar a preservar a reputação da empresa.
As empresas podem utilizar diversas táticas para aplicar o Quiet Cutting:
1. Mudança de Setor: Transferir funcionários para áreas onde não possuem experiência, longe de suas habilidades.
2. Aumento de Carga de Trabalho: Aumentar consideravelmente a carga de trabalho sem chegar ao ponto de permitir um processo judicial.
3. Ociosidade Forçada: Deixar o funcionário sem tarefas, o que pode causar insatisfação.
4. Rebaixamento Hierárquico: Movimentar funcionários para diferentes setores em um curto espaço de tempo ou rebaixá-los de suas posições, diminuindo seu salário.
5. Tarefas Monótonas Atribuir tarefas desinteressantes e sem sentido.
6. Negação de Promoções: Recusar aumentos salariais e promoções em qualquer circunstância.
7. Falta de Treinamento: Mudar funcionários de função sem proporcionar o treinamento necessário.
Demissão silenciosa o Quiet Cutting
A prática do Quiet Cutting pode ter sérias implicações no ambiente de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Monster, cerca de 58% dos funcionários nos EUA afirmaram ter sido afetados por essa prática, e 77% já viram colegas passarem pela mesma situação.
Jim Moore, especialista em relações trabalhistas da Hamilton Nash, comentou à People Management: “No fim das contas, trata-se de reduzir os custos com pessoal, deixando os funcionários ‘miseráveis’ para que eles peçam demissão, embora nenhum empregador jamais admita usar tal prática.”
Chris Preston, diretor e cofundador da The Culture Builders, também destacou à People Management que “pedir demissão é muito mais barato do que demitir”. No entanto, ele alerta que essa prática pode manchar a reputação da empresa e afetar negativamente o ambiente de trabalho.
O Quiet Cutting esbarra em diversas questões éticas e pode violar direitos trabalhistas em muitos países. No Brasil, por exemplo, a prática de rebaixamento de cargo é proibida, mas as empresas podem contornar essa lei mudando os funcionários de setor sem alterar oficialmente sua posição.
Nos Estados Unidos, onde as leis trabalhistas são mais flexíveis, as empresas têm maior liberdade para implementar essas táticas. No Japão, essa prática também pode ser observada em alguns contextos.