Neurodivergentes ainda encontram muitas dificuldades no mercado de trabalho e a regulamentação de Inteligência Artificial (IA) no país pode ser um caminho para a inclusão.
O Projeto de Lei 2338/23, que visa regulamentar IA no Brasil, encerrou seu período de contribuição da sociedade civil em 22 de maio. Especialistas destacam que essa regulamentação é uma oportunidade única para incentivar o uso da IA em práticas de recrutamento, aprendizagem e acomodações mais acessíveis para neurodivergentes no mercado de trabalho, promovendo um ambiente mais inclusivo e acolhedor.
Neurodivergentes são indivíduos cujas variações neurológicas resultam em formas de pensar, aprender e comportar-se diferentes da norma estabelecida pela sociedade.
Essas variações incluem, mas não se limitam a, condições como autismo, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, disprassia, e Síndrome de Tourette. O termo “neurodiversidade” foi criado para enfatizar que essas variações não são deficiências ou doenças, mas sim diferenças naturais no funcionamento do cérebro humano.
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Inclusão de neurodivergentes no mercado de trabalho
A Europa, que aprovou recentemente a regulação da IA, serve de inspiração para essa demanda. Apesar de ser vista como uma vitória parcial pelo European Disability Forum, a legislação obriga sistemas de IA de alto risco a cumprirem requisitos de acessibilidade. No entanto, a abrangência ainda é considerada insuficiente por entidades representativas, destacando a necessidade de normas mais inclusivas.
Anderson Belem, CEO da Otimiza, uma worktech de IA, salienta que avanços tecnológicos como IA emocional e conversacional podem enfrentar desafios enfrentados por neurodivergentes.
Ferramentas especializadas de recrutamento e aprendizagem podem criar locais de trabalho mais acessíveis.
“Este é o momento ideal para introduzir abordagens que assegurem que este público não seja deixado de lado”, afirma Belem.
O Fórum Econômico Mundial destaca que soluções de assistência para pessoas neurodiversificadas podem focar em critérios como atenção, memória, comunicação, aprendizagem e estado emocional.
Relatório da McKinsey de 2020, citado por Belem, mostra que equipes neurodivergentes superam as homogêneas em 36% em termos de rentabilidade, enfatizando a importância da inclusão.
A inclusão de neurodivergentes no mercado de trabalho e na educação não só promove a igualdade, mas também pode trazer benefícios significativos para as organizações e a sociedade como um todo, ao valorizar e aproveitar a diversidade de pensamentos e habilidades.