O crescente mercado de apostas esportivas no Brasil tem gerado preocupações em diversos setores, impactando negativamente as finanças e criando endividamentos altos. E a crise está afetando também a educação.
Um levantamento recente da Educa Insights, encomendado por faculdades particulares, revelou que a cada 10 pessoas interessadas em iniciar um curso de graduação, ao menos três desistem para investir seu dinheiro em jogos e apostas online. Este fenômeno afeta especialmente famílias de baixa renda, impactando negativamente o acesso ao ensino superior.
A pesquisa mostrou que cerca de 1,4 milhão de potenciais estudantes deixam de ingressar em uma sala de aula devido aos altos gastos com apostas.
O impacto é mais evidente entre famílias com renda de aproximadamente R$ 1 mil por pessoa, onde 41% dos jovens priorizam as apostas em detrimento de sua educação.
Este dado preocupante acende o alerta, uma vez que, de acordo com o IBGE, trabalhadores com diploma de nível superior têm uma renda média de R$ 7 mil, quase três vezes mais do que aqueles sem formação, que ganham em torno de R$ 2.400 por mês.
Além disso, o Banco Central apontou que, embora a renda dos brasileiros tenha aumentado, esse crescimento não se reflete no aumento do consumo.
Especialistas sugerem que o aumento dos gastos com apostas pode ser um dos fatores responsáveis por essa discrepância.
Regulação das apostas e novas regras
O mercado de apostas online no Brasil movimentou R$ 120 bilhões no último ano, correspondendo a 1% do PIB do país — uma proporção maior do que a registrada nos Estados Unidos.
Para conter o crescimento descontrolado e o impacto negativo, novas regulamentações entrarão em vigor a partir do próximo ano. As medidas incluem a implementação de um limite diário de gastos para jogadores e a exigência de reconhecimento facial para cadastro nas plataformas de apostas.
Essas novas regras visam mitigar os danos, especialmente entre os mais jovens, e estimular o uso responsável dessas plataformas, equilibrando o entretenimento com outras áreas importantes, como a educação.
Além disso, buscam frear o endividamento a que muitas pessoas estão se sujeitando, considerando que especialistas alertam que o problema também é de saúde pública.