A HP – Hewlett Packard Enterprise confirmou que continuará a ação judicial contra o espólio do falecido magnata da tecnologia Mike Lynch, buscando uma indenização que pode chegar a US$ 4 bilhões (R$ 22,3 bilhões).
Mesmo após a morte trágica de Lynch, que ocorreu no mês passado quando seu iate afundou na costa da Itália, a empresa norte-americana decidiu prosseguir com os procedimentos legais.
Lynch, que foi cofundador da empresa de software Autonomy, esteve no centro de uma disputa legal com a HP desde que a empresa adquiriu a Autonomy por US$ 11 bilhões em 2011.
A HP acusou Lynch e seu ex-diretor financeiro, Sushovan Hussain, de fraude, alegando que eles inflaram os resultados financeiros da Autonomy antes da venda.
Em 2022, a HP obteve uma vitória parcial em um tribunal superior inglês, onde o juiz decidiu em favor da empresa em suas alegações de fraude civil. No entanto, uma decisão sobre o valor dos danos a serem pagos à HP ainda está pendente.
Desafios éticos e legais para a HP
A continuidade da ação judicial contra o espólio de Lynch, especialmente após sua morte, levanta questões complexas sobre as obrigações legais e morais da HP.
Oliver Embley, sócio do escritório de advocacia Wedlake Bell, em Londres, destacou que a HP, sendo uma empresa de capital aberto, tem um dever fiduciário para com seus acionistas, o que a obriga a agir no melhor interesse financeiro dos mesmos.
No entanto, ele alertou que a decisão de buscar uma grande indenização do espólio de Lynch, essencialmente processando sua viúva, pode ser vista como moralmente questionável e prejudicial à reputação da empresa.
A viúva de Lynch, Angela Bacares, que sobreviveu ao naufrágio do iate, pode enfrentar o processo da HP, que foi considerado necessário pela empresa para cumprir suas obrigações legais.
No entanto, especialistas sugerem que a HP poderia evitar ações judiciais futuras se decidir não prosseguir com a cobrança, com base na “regra de julgamento empresarial” do estado de Delaware, onde a empresa está incorporada. Essa regra protege decisões empresariais feitas de boa-fé e com base em informações cuidadosas.