O ouro, um dos ativos mais tradicionais e seguros do mercado financeiro, atingiu um patamar recorde chegando a US$ 2.589 a onça. Segundo o analista Joaquin Monfort, a expectativa de um corte duplo na taxa de juros por parte do Federal Reserve (Fed) é o principal fator impulsionando o metal precioso.
“O mercado está apostando fortemente em uma redução de 0,50% nas taxas de juros, o que torna o ouro mais atraente”, afirmou Monfort.
De acordo com o analista, o corte de juros é positivo para o ouro porque reduz o custo de oportunidade de manter o metal, um ativo que não paga juros, tornando-o uma escolha mais viável para os investidores.
“Quanto menores os juros, maior o apelo do ouro, especialmente em um cenário onde os rendimentos de ativos de risco se tornam menos atrativos”, explicou Monfort.
Impacto dos dados econômicos dos EUA
Nesta terça-feira (17), o preço do ouro se estabilizou em torno de US$ 2.580, à espera de dados econômicos dos Estados Unidos que podem influenciar a decisão do Fed. Às 12h30 GMT, o Departamento de Comércio dos EUA deve divulgar os números das vendas no varejo, que podem ser um indicativo importante da saúde econômica do país. Monfort explicou que o desempenho desse indicador pode determinar se o Fed vai realmente optar por um corte tão agressivo nas taxas de juros.
“Se as vendas no varejo superarem a expectativa de 0,2%, isso sugerirá que a economia americana está se mantendo melhor do que o esperado, o que pode reduzir a necessidade de um corte de 0,50% nas taxas de juros, o que seria negativo para o ouro”, afirmou o analista.
Por outro lado, se os números ficarem abaixo das expectativas, isso aumentaria a especulação sobre um corte mais agressivo, potencialmente elevando o preço do ouro para novos recordes.
Ouro em ciclo de alta de longo prazo
Além do cenário de curto prazo, Monfort destacou que o ouro pode estar entrando em um ciclo de alta prolongado, conhecido como “superciclo”, acompanhado por outras commodities.
“Há sinais claros de que o ouro e outras commodities estão entrando em uma nova fase de alta. Isso pode ser impulsionado por fatores como déficits, desglobalização e políticas voltadas para a redução das emissões de carbono, que são inflacionárias”, destacou Monfort, referindo-se a análises recentes que corroboram essa visão.
Análise técnica: tendências positivas para o ouro
No campo da análise técnica, Monfort acredita que o ouro continuará sua tendência de alta tanto no curto quanto no longo prazo. Ele aponta que o metal precioso pode enfrentar uma correção, mas espera que seja breve antes de retomar seu movimento ascendente.
“O ouro ainda não está sobrecomprado, de acordo com o Índice de Força Relativa (RSI), o que significa que há espaço para mais ganhos”, comentou.
Em caso de uma correção mais acentuada, Monfort identifica níveis de suporte firmes em US$ 2.550, US$ 2.544 e US$ 2.530. “Esses níveis podem oferecer uma base sólida para o ouro se recuperar e continuar sua trajetória de alta”, completou o analista.