A artista Iane Cabral recentemente lançou uma coleção inovadora de acessórios que prometem proteger a identidade dos usuários contra câmeras de reconhecimento facial. Esses dispositivos, descritos como joias tecnológicas, utilizam LEDs que emitem luz infravermelha, confundindo os sistemas de visão computacional ao “quebrar a geometria do rosto”.
De acordo com a criadora, os softwares de câmeras de reconhecimento facial detectam rostos usando diferenças de luminosidade. Ao utilizar LEDs infravermelhos, as joias interferem nesse processo, tornando difícil para as câmeras captarem os pontos chave do rosto, como olhos, nariz e boca. A coleção busca explorar o autocontrole sobre nossa identidade em contextos onde algoritmos de visão computacional detectam rostos, conforme anunciado no portal da artista.
Em entrevista à CNN, Iane Cabral criticou o uso da tecnologia de reconhecimento facial, defendendo a arte como uma forma de protesto contra a adoção indiscriminada de câmeras de vigilância. “Nosso rosto é um dado sensível segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e não podemos ser vigiados dessa forma sem nosso consentimento”, afirma a artista.
Marcelo Crespo, coordenador do curso de direito da ESPM, afirmou que não há consenso sobre se câmeras de reconhecimento facial violam a LGPD. Ele destaca que os acessórios desenvolvidos por Iane têm mais caráter de manifesto do que uma solução prática. Crespo sugere que questões de privacidade de dados, como esta, podem ser discutidas no poder judiciário.
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Câmera
O professor João Paulo Papa, especialista em computação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), comentou que enquanto a inteligência artificial avança, também avançam os movimentos contra ela. Papa explica que qualquer iluminação pode dificultar o reconhecimento facial, mas ressalta que a eficácia dos acessórios de Iane Cabral ainda precisa ser comprovada através de testes empíricos.
“O algoritmo pode ser facilmente reajustado para reconhecer novos padrões”, alerta o professor.