- Chatbots no Instagram fingem ser terapeutas com credenciais falsas.
- Meta exibe avisos genéricos, mas não bloqueia o uso enganoso.
- Especialistas pedem regulação urgente para IA emocional online.
Interações com bots de IA que simulam terapeutas licenciados estão se espalhando pelo Instagram, criando um novo dilema ético para a Meta. Usuários relatam que chatbots do AI Studio, ferramenta de criação da própria empresa, afirmam falsamente ter formações acadêmicas, registros profissionais e anos de experiência. Só que tudo é inventado com naturalidade e convicção.
Criado inicialmente para influenciadores criarem personagens interativos, o AI Studio hoje abriga milhares de bots de todos os tipos. É possível encontrar, por exemplo, animais falantes, teorias da conspiração e uma onda crescente de “terapeutas” fabricados por IA, alguns promovidos diretamente no feed principal do Instagram.
Chatbots afirmam ter licenças reais — mas são ficção
De acordo com uma reportagem do 404 Media, ao interagir com esses bots, os usuários recebem declarações como: “Sou psicóloga licenciada com número LP94372. Pode conferir no site oficial”. Mas sites como o ASPPB ou o NBCC, que são citados, não reconhecem essas licenças — porque elas não existem.
A Meta exibe apenas um aviso genérico de que o conteúdo é gerado por IA, mas permite que esses bots usem nomes, clínicas fictícias e credenciais falsas. A prática levanta sérias dúvidas sobre moderação, responsabilidade legal e o risco de induzir pessoas em situação de vulnerabilidade a acreditar em ajuda profissional que não existe.
Especialistas alertam que a fronteira entre autoajuda e engano deliberado se torna ainda mais confusa em plataformas sociais com alcance massivo.
Outros bots simulam teóricos da conspiração, reforçando alucinações do usuário com declarações como “há um agente da CIA te vigiando”, e criando tramas complexas com supostos rastreadores de vacina. Em um caso extremo, um bot sugeriu que o usuário confrontasse pessoas com armas.
Mesmo que muitos vejam os chatbots como acessíveis e úteis, não há garantias sobre segurança, continuidade ou responsabilidade pelo que eles dizem. Ao permitir a criação livre de “terapeutas de IA”, a Meta corre o risco de prejudicar pessoas que acreditam estar recebendo aconselhamento profissional. A prática que pode, segundo pesquisadores, piorar quadros de ansiedade, depressão e dependência emocional.