Chicago Sun-Times publica lista falsa de livros criada por IA

  • Lista recomendou títulos falsos atribuídos a autores famosos.
  • Erro expôs uso de IA sem revisão em suplemento editorial.
  • Críticas aumentam após demissões em massa no jornal.

O jornal Chicago Sun-Times gerou polêmica ao publicar, no domingo (19), uma lista de leituras de verão com títulos inexistentes, atribuídos a autores renomados. O conteúdo impresso fazia parte do suplemento “Heat Index”, e apresentava livros como “Sonhos de Maré”, de Isabel Allende, e “O Último Algoritmo”, de Andy Weir — obras que nunca foram escritas.

Segundo reportagem da 404 Media, o responsável pela lista, Marco Buscaglia, confirmou que utilizou uma ferramenta de inteligência artificial para gerar os nomes dos livros. Ele disse que sempre verifica os conteúdos, mas esse acabou passando, o que o deixou completamente envergonhado.

Às vezes, uso IA como pano de fundo, mas sempre dou uma olhada no material primeiro. Desta vez, não usei e não acredito que não vi, porque é tão óbvio. Sem desculpas.

Dos 15 títulos apresentados, uma verificação da Ars Technica revelou que apenas cinco existem. Os demais foram criações da IA, mas creditados erroneamente a autores reais.

Nessa terça-feira (20), o Chicago Sun-Times comentou o caso na rede Bluesky.

Estamos investigando como isso foi parar na imprensa neste momento. Não se trata de conteúdo editorial e não foi criado ou aprovado pela redação do Sun-Times.

No entanto, apesar das críticas, alguns usuários demonstraram empatia, apontando que o suplemento fazia parte de uma seção promocional genérica, provavelmente terceirizada, com conteúdo destinado a vários jornais locais nos Estados Unidos.

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Crise financeira e cortes no Chicago Sun-Times ajudam a explicar o descuido

A publicação do conteúdo equivocado ocorre dois meses após o jornal enfrentar uma onda de cortes severos. Em março, 30 funcionários — incluindo 23 da redação — aceitaram rescisões voluntárias, como parte de uma reestruturação conduzida pela Chicago Public Media, dona do Sun-Times.

Na época, a CEO Melissa Bell explicou que a medida buscava reduzir R$ 23,8 milhões (US$ 4,2 milhões) em custos anuais, antecipando o fim de um fundo de apoio financeiro previsto para 2026.
Esses cortes levaram à perda de colunistas, editores e redatores experientes, o que aumenta os riscos de falhas editoriais, como a publicada neste fim de semana.

No entanto, a movimentação segue uma tendência de redações em todo o mundo.

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Jornalista, assessor de comunicação, escritor e comunicador, com MBA em jornalismo digital e 12 anos de experiência, tendo passado também por alguns veículos no setor tech.
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