Conselho Nacional de Justiça libera ChatGPT para juízes fundamentarem decisões

Por Cássio Gusson
Justiça libera uso do ChatGPT para juízes. Foto: Dall-e

Na última quinta-feira (25/6), o Plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu, por unanimidade, rejeitar um pedido de providências que visava proibir o uso da ferramenta de inteligência artificial ChatGPT para fundamentar decisões judiciais no Brasil.

A decisão, proferida pelo relator e conselheiro João Paulo Schoucair, destaca a importância da análise criteriosa e fundamentada em princípios éticos e jurídicos sólidos sobre o uso de IA no Poder Judiciário.

O relator Schoucair salientou que, embora a inteligência artificial possa aprimorar a eficiência e a eficácia do sistema judicial, é crucial que seu uso seja pautado na ética, equidade e responsabilidade. Para tanto, há um Grupo de Trabalho sobre Inteligência Artificial no Poder Judiciário, coordenado pelo conselheiro Bandeira de Mello, cujo objetivo é estudar e propor regulamentações para o uso de sistemas de IA generativa.

Entre as questões a serem tratadas pelo grupo estão o modelo de governança para gestão do desenvolvimento e uso de soluções de IA, a colaboração e compartilhamento de informações sobre essas soluções, a auditoria dos modelos de IA, o mapeamento e gerenciamento de riscos, bem como as práticas e casos de uso permitido, regulado e proibido.

ChatGPT ajuda nas decisões

O procedimento foi inicialmente apresentado pelo advogado Fábio de Oliveira Ribeiro, que buscava uma liminar para proibir magistrados de usarem a ferramenta em suas decisões. Ribeiro argumentou que o uso do ChatGPT comprometeria a validade e eficácia da norma constitucional que garante aos cidadãos brasileiros o direito de ver seus processos julgados por autoridades competentes. Ele citou casos nos EUA e no Brasil onde a ferramenta falhou em avaliações importantes.

Schoucair reconheceu as limitações apontadas pela própria desenvolvedora da ferramenta, a OpenAI, que destacou a importância da supervisão humana para mitigar e monitorar o viés algorítmico, garantindo assim a equidade e imparcialidade das decisões judiciais. Ele frisou que a prerrogativa de revisão e controle das decisões deve permanecer com os juízes e profissionais do direito, preservando o exercício do julgamento humano e a responsabilidade ética.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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