Google cria IA para corrigir alucinações de sua própria inteligência artificial

Por Cássio Gusson
Google quer resolver problemas de alucinações de IA. Foto: Dall-e

O Google anunciou recentemente uma nova ferramenta chamada DataGemma, desenvolvida para solucionar um dos maiores desafios da inteligência artificial (IA) generativa: as alucinações. Essas alucinações ocorrem quando os modelos de IA fornecem respostas incorretas ou inventam informações sem base em dados confiáveis. O DataGemma tem como objetivo corrigir esses erros, tornando os modelos de IA mais precisos e confiáveis.

Como Funciona o DataGemma

Lançado oficialmente no dia 12 de setembro de 2024, o DataGemma é baseado em dois métodos principais: RIG (Retrieval-Interleaved Generation) e RAG (Retrieval-Augmented Generation). Ambos os métodos utilizam informações do Data Commons, um banco de dados aberto mantido pelo Google, que reúne dados de fontes confiáveis, como instituições de pesquisa e órgãos governamentais.

No método RIG, a IA gera uma resposta inicial, que é comparada com os dados do Data Commons. Caso haja inconsistências, a ferramenta corrige o conteúdo com base nas informações verificadas. Já no método RAG, o processo ocorre de forma inversa: a ferramenta primeiro busca dados no Data Commons e, a partir dessa base, gera uma resposta. Esse processo visa reduzir significativamente a probabilidade de erros ou “alucinações” nas respostas.

Segundo Prem Ramaswami, diretor do Data Commons no Google, o objetivo do DataGemma é “usar dados estatísticos reais para melhorar o raciocínio dos grandes modelos de linguagem (LLMs), tornando-os mais confiáveis e ancorados na realidade”.

Limitações do DataGemma

Embora promissora, a nova ferramenta não é isenta de falhas. Um dos principais problemas enfrentados pelo DataGemma é a limitação do Data Commons. Se uma informação não estiver disponível no banco de dados, a IA não pode verificar sua veracidade. Isso significa que, enquanto a ferramenta é eficiente para validar dados científicos e econômicos, ela pode falhar ao lidar com questões mais específicas, como datas de lançamentos de músicas ou tendências recentes.

Além disso, durante os testes experimentais, o DataGemma apresentou limitações em 75% dos casos, nos quais não conseguiu acessar informações relevantes. Mesmo quando os dados estavam disponíveis, a ferramenta falhou em fornecer respostas precisas em até 20% das vezes, dependendo do método utilizado.

Futuro Promissor, Mas Ainda com Desafios

Apesar das limitações atuais, o DataGemma representa um avanço importante na correção de alucinações em IA generativas. A expectativa é que, com o tempo e o aumento da base de dados do Data Commons, a ferramenta se torne mais eficiente e precisa. Isso pode ter um impacto significativo na qualidade das respostas fornecidas por IA, especialmente em modelos comerciais, como aqueles utilizados no Google Search.

Atualmente, o DataGemma está disponível apenas para pesquisadores, mas há planos para expandir seu uso no futuro. Se os resultados forem positivos, a ferramenta pode se tornar uma peça-chave na implementação de IA generativas em larga escala, mitigando um dos maiores desafios dessa tecnologia.

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Jornalista especializado em tecnologia, com atuação de mais de 10 anos no setor tech público e privado, tendo realizado a cobertura de diversos eventos, premiações a anúncios.
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