A Meta, gigante das redes sociais e dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, está lançando sua IA generativa no Brasil, com início previsto para julho.
A ferramenta, que já está disponível em alguns países, promete fornecer informações em tempo real e auxiliar os usuários de várias maneiras.
No entanto, segundo o jornal O Globo, testes realizados revelaram que a IA ainda apresenta inconsistências significativas, especialmente ao lidar com informações básicas da política brasileira.
Durante os testes, a IA da Meta falhou ao identificar corretamente o presidente atual do Brasil, por exemplo.
Quando perguntada sobre o presidente Lula, a IA mencionou apenas seu mandato entre 2003 e 2011, sem reconhecer seu atual governo.
Além disso, ao ser questionada sobre o presidente anterior, a ferramenta incorretamente afirmou que Michel Temer foi o presidente antes do atual, ignorando Jair Bolsonaro, que governou de 2019 a 2023.
Após ser corrigida, a IA ajustou suas respostas, mas a falha inicial levanta preocupações sobre a precisão da ferramenta.
Os problemas não se limitam a informações textuais e nos testes de geração de imagens, a IA também mostrou inconsistências.
Quando solicitada a criar a bandeira brasileira, o sistema produziu uma versão com traços azuis e brancos e sem o lema “Ordem e Progresso” ao ser questionada em português.
Já ao ser perguntada em inglês, utilizou as cores corretas, mas novamente sem o lema e com menos estrelas do que a versão oficial.
IA Generativa da Meta em português ainda está em testes e estimativa é que seja aperfeiçoada
David Nemer, antropólogo e professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, destacou que a chegada do recurso ao WhatsApp no Brasil dará uma escala inédita ao uso da IA da Meta.
“Muitas vezes a inteligência artificial vai acertar, principalmente para questões mais simples. O risco é que, para questões mais complexas, a IA não consiga responder corretamente, e as pessoas possam tomar aquelas informações como verdadeiras sem questionamentos. Esse é um perigo.”
Além das falhas na identificação de figuras políticas e na geração de imagens, a IA da Meta também reproduziu estereótipos de gênero, aponta a reportagem de O Globo.
Ao solicitar imagens de CEOs, o sistema gerou predominantemente imagens de homens brancos, alinhando-se a estereótipos de gênero e raça, o que levanta preocupações sobre os vieses incorporados nos modelos de IA generativa.
Alexandre Nascimento, especialista da SingularityUBrazil, que também participou dos testes, observou que os principais erros da IA ocorreram em interações em português.
Segundo ele, isso indica que o sistema ainda está em uma fase preliminar e precisa de melhorias significativas para fornecer respostas precisas e confiáveis no contexto brasileiro.
A Meta afirmou, em resposta às inconsistências, que seus assistentes baseados em IA generativa ainda são uma tecnologia nova e que estão em constante atualização.
“Desde que lançamos nossos produtos em setembro do ano passado, em inglês, nos Estados Unidos, estamos constantemente atualizando e melhorando nossos modelos.”
Com informações de O Globo.